sábado, 15 de outubro de 2011

Ciclo do Café: 1800 - 1930


O café foi trazido para o Brasil em 1727, por Francisco de Melo Palheta, que levou as mudas para o Pará. No início, era utilizado apenas no consumo doméstico, e acredita-se que, por volta de 1760, já existissem pequenos cultivos no Rio de Janeiro.
Foi ao longo do Vale do Paraíba, região que abrange terras do Rio de Janeiro e de São Paulo, que o café, considerado um artigo de sobremesa, se tornou o principal na pauta de exportação brasileira. Desde o período regencial, o café já propiciava grandes lucros para o país, mas foi no Segundo Império que a produção atingiu seu apogeu.
A região do Vale do Paraíba era bastante apropriada para a cafeicultura, pois era abundante em terras virgens e tinha um clima favorável. A implantação das fazendas se deu pela tradicional forma de plantation, ou seja, grandes propriedades, cultivo para exportação e uso de mão-de-obra escrava.
Para começar a produção de café era necessária uma boa quantidade de recursos, pois se tinha de comprar escravos, derrubar a mata e preparar a terra. O cafeicultor não teria um lucro imediato com a plantação, já que os cafezais só produzem depois de quatro anos. Por isso, acredita-se que os primeiros cafeicultores já tinham um capital de reserva, provavelmente oriundo da expansão do comércio que houve após a vinda de Dom João VI, em 1808.
A produção era feita através do uso extensivo do solo, ou seja, somente quando a terra não tinha mais nutrientes necessários é que se trocava de região, deixando a antiga abandonada ou para pequenas plantações. Os instrumentos de trabalho eram, praticamente, apenas a enxada e a foice. Quando a planta começava a produzir, os escravos colhiam o café manualmente.
Depois da colheita, o café deveria passar de 30 a 90 dias secando ao sol. Em seguida, retiravam-se os grãos de seus revestimentos, era o chamado beneficiamento. O instrumento mais comum usado para a realização do beneficiamento do café era o monjolo, formado por pilões socadores, movidos a água, tração animal ou as duas. Dessa forma, podemos caracterizar a produção existente no Vale do Paraíba como pré-industrial.
O transporte nessa primeira fase produtiva era, também, bastante precário, sendo realizado até em tropas de burros. Somente com o tempo o governo investiu na construção de ferrovias. A exportação do café era realizada por grandes corporações norte-americanas e inglesas. Com o tempo, os Estados Unidos tornaram-se os maiores consumidores, mas também era importante a venda que se fazia para os Países Baixos, Alemanha e Escandinávia. A Inglaterra era a principal credora para a cafeicultura brasileira, aumentando enormemente a dívida externa.

Aos poucos, a riqueza vinda do café foi realizando uma grande transformação na estrutura da região Centro-Sul. Foram criados empregos, melhorou-se a condição dos portos e instalaram-se novas formas de transporte. Os grandes fazendeiros do Vale receberam títulos de nobreza, e passaram a ser a principal base de apoio para o Imperador. Eram os “Barões do café”.

Por volta de 1850, a cafeicultura no Vale atingiu seu auge. Vassouras foi considerada a "capital do café". Solucionou-se os problemas de transporte com a construção da ferrovia Dom Pedro II, tempos depois chamada de Central do Brasil.

A economia cafeeira em São Paulo foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920. Como o Brasil detinha o controle sobre grande parte da oferta mundial desse produto, podia facilmente controlar os preços do café nos mercados internacionais, obtendo assim lucros elevados.
As políticas governamentais de valorização do café, conforme instituídas do Convênio de Taubaté em 1906, consistiam basicamente na compra, por parte do governo federal, dos estoques excedentes da produção de café, por meio de empréstimos externos financiados por tributos cobrados sobre a própria exportação de café. No curto prazo, tal política ajudou a sustentar os preços internacionais do produto, sustentando a renda dos exportadores.

A crise internacional de 1929 exerceu imediatamente um duplo efeito na economia brasileira: ao mesmo tempo em que reduziu a demanda internacional pelo café brasileiro, pressionando seus preços para baixo, impossibilitou ao governo brasileiro tomar empréstimos externos para absorver os estoques excedentes de café, devido ao colapso do mercado financeiro internacional. Todavia, o governo não poderia deixar os produtores de café a sua própria sorte e vulneráveis os efeitos da grande crise; o custo político de uma atitude como essa seria impensável para um governo que ainda estava se consolidando no poder, como era o caso do governo de Getúlio Vargas no início da década de 1930. Por isso, a partir deste período, o Estado brasileiro passou a desempenhar um papel ativo na economia nacional.

O Ciclo da Mineração - 1709 - 1789


O ouro brasileiro provocaria grandes mudanças, que levariam ao esgotamento da primeira fase do açúcar. Contudo, o metal não superaria, em cifras de produção global, o montante de recursos que o açúcar forneceu ao longo da história da colônia. Quando surgiu no palco nacional, porém, fez grande alarde, atraindo todas as atenções locais e internacionais. As demais atividades declinaram diante da importância desse metal. O ouro atraiu para Minas Gerais, junto com as classes dominantes, um contingente populacional carregado pelo ilusão do enriquecimento rápido.
É verdade que se buscava ouro desde o início da empreitada mercantil. A descoberta desse metal pelos espanhóis sempre havia alimentado a fantasia lusa de que todo o território americano estivesse repleto de jazidas auríferas, e essa esperança permaneceu viva durante dois séculos de exploração. Comprovam-no as várias expedições que, desde o início, tinham se embrenhado mata adentro. Muitos membros dessas empreitadas pagaram com a própria vida a ousadia, pois quase todas se perderam, vitimas dos índios ou da própria natureza.
Essas expedições assumiram diversas formas, dentre as quais destacaram-se as bandeiras paulistas, que tinham como objetivo a captura de índios. Foram esses aventureiros que encontraram o ouro mineiro na região das cidades históricas de Minas Gerais. Começou, então, a corrida ao ouro brasileiro, que, durante um século, ocuparia o centro nervoso da economia.

Ouro de Aluvião


A repercussão da descoberta do metal ocasionou um movimento migratório inédito para o Brasil, alterando-se o perfil populacional, sobretudo pelo surgimento de uma camada média na escala social. A mineração atraiu colonos de menores posses, devido ao tamanho mais modesto das minas brasileiras em relação às das colônias castelhanas. No que diz respeito à importância dessa migração, Furtado afirma: “ Não se conhecem dados precisos sobre o volume da corrente emigratória que, das ilhas do Atlântico e do território português, se formou com direção ao Brasil no decorrer do século XVIII. Sabe-se, porém, que houve alarme em Portugal, e que se chegou a tomar medidas concretas para dificultar o fluxo migratório”. A indústria da mineração consubstanciavam-se na exploração das jazidas, a qual se dava, de um lado, nas lavras e de outro, pelo trabalho dos fiscadores – homens livres e nômades que produziam isoladamente e já faziam parte do cenário europeu. Seu volume tendeu a aumentar na fase de decadência do ouro.
Diferentemente do ciclo econômico anterior, alguns escravos gozavam de uma posição diferenciada na economia mineira, com maior mobilidade social. Podiam mesmo chegar a se estabelecer por conta própria, trabalhando por quotas e acumulando o suficiente para adquirir a própria liberdade.
No passado, somente os grandes proprietários gozavam do status advindo de sua posição dominante na estratificação social vigente. Em Minas, porém, as possibilidades eram outras e vários empreendedores de menor porte logravam sucesso na nova atividade.
É dessa época a determinação da quinta parte – o quinto – como taxação sobre o ouro extraído.
A Fazenda Real enfrentava muitos contratempos para a fiscalização da cobrança desse imposto. Tratava-se de um tributo alto para os mineradores, que não pouparam criatividade para burlar o fisco e maquiar o montante da produção obtida. As conseqüências para os infratores eram severas. Todas essas medidas foram somadas a outra, mais drástica para os envolvidos no atraente negócio das minas de ouro: a decretação da quota mínima, por volta de 100 arrobas ou 1.500 quilos. Espontaneamente ou de forma compulsória, por meio do derrame, a quantia tinha que ser entregue à fiscalização. Tamanho abuso de Lisboa determinou um clima de revolta, culminando com a Inconfidência Mineira, que, apesar de todos os percalços, conseguiu pôr um fim nesses atos predatórios parta a colônia.