quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

GEOGRAFIA E TURISMO

TURISMO: ENFOQUE CONCEITUAL. Conceituar o turismo no contexto da Geografia, principalmente em decorrência da complexidade que envolve a fundamentação do tema turismo não é tarefa fácil. Principalmente proque é salutar enfatizar que nenhuma definição ou conceito possui um caráter de unanimidade entre os pesquisadores do turismo e até mesmo da Geografia do Turismo. Perante tal aspecto destacamos inicialmente a visão de uma Geógrafa que pesquisa sobre o turismo, assim para Adyr Balastreri Rodrigues: O turismo, na sua enorme complexidade, reveste-se de tríplice aspecto com incidências territoriais especificas em cada um deles. Trata-se de fenômeno que apresenta áreas de dispersão (emissoras), áreas de deslocamento e áreas de atração (receptoras). É nessas áreas que produz o espaço turístico ou se reformula o espaço anteriormente ocupado. (RODRIGUES, 1997 p. 83). Desse modo, várias são as definições que se estabelecem sobre o turismo, refletindo muito na área de conhecimento que determinado enfoque queira estabelecer. Nesse sentido, Beni (2001) ressalta em que noção de turismo não se deve limitar a uma simples definição. Em suma, o fato de o turismo encontrar-se ligado, praticamente, a quase todos os setores da atividade social humana é a principal causa da grande variedade de conceitos, todos eles válidos enquanto se circunscrevem aos campos em que é estudado. Não se pode dizer que esse ou aquele conceito é errôneo ou inadequado quando se pretende conceituar o turismo sob uma ótica diferente, já que isso levaria a discussões estéreis. Estas poriam justamente em evidencia as limitações conceituais existentes sobre o fenômeno (BENI, 2001 p. 39). Diante de tal fato, elegemos alguns conceitos, os quais consideramos importantes, para encaminharmos nossa discussão. Dessa maneira, segundo recomendações da Organização Mundial do Turismo sobre Estatística em Turismo, o definem como “as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”. Uma outra definição entendida por nós como importante, também adotada pela Organização Mundial do Turismo, é que possui uma visão mais abrangente do turismo enquanto fenômeno social, e a definição desenvolvida por Oscar de la Torre. Desse modo, para De la Torre: “Turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.” (DE LA TORRE, 1992 p. 19). Por fim, uma outra definição muito relevante de turismo, é a desenvolvida pelo pesquisador espanhol Luis Fernandez Fuster. Ele imprime em seu conceito uma perceptiva da conjuntura estrutural e dos equipamentos que fazem parte do chamado “trade” do turismo. Para Fuster: Turismo é, de um lado, conjunto de turistas; do outro, os fenômenos e as relações que esta massa produz em conseqüência de suas viagens. Turismo é todo equipamento receptivo de hotéis, agência de viagens, transportes, espetáculos, guias - interpretes que o núcleo deve habitar para atender às correntes (...). Turismo é o conjunto das organizações privadas ou públicas que surgem para fomentar a infra-estrutura e a expansão do núcleo, as campanhas de propaganda (...). Também são os efeitos negativos ou positivos que os produzem nas populações receptoras. (FUSTER, 1973, apud BARRETTO, 1997 p. 11). Portanto, antes de passarmos para discussão referente à temática central desse trabalho (Desenvolvimento do Turismo Internacional no Brasil), cabe a nós demonstrar e reforçar a característica múltipla do turismo enquanto fenômeno. A ATIVIDADE TURÍSTICA E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO A relação entre turismo e produção do espaço tem se manifestado cada vez mais intensamente, visto que esta atividade vem ganhando maior força nos últimos anos. Além dos incentivos dados a partir das políticas públicas voltadas ao setor, a aplicação do capital de grandes grupos de empresários, com forte presença de grupos internacionais, vem mantendo crescente a participação do turismo na economia capitalista. Andrade (2004, p. 12) expõe que qualquer análise a respeito do turismo deve ter como pressuposto que “o homem, o espaço e o tempo constituem os três pré-requisitos para qualquer reflexão equilibrada a respeito do fenômeno”. Partindo dessa “base” para a reflexão acerca do fenômeno turístico, pensar a produção do espaço nos moldes apresentado até aqui, refletindo-se acerca da inserção e do desenvolvimento da atividade turística nos mais variados espaços, se coloca como procedimento cabível e promissor de reflexões importantes para a compreensão de processos que têm se manifestado nos lugares. Novas compreensões de espaço e tempo e as novas formas de relações entre “os homens” são verdadeiros alicerces de novas lógicas de produção do espaço. O crescimento da atividade do turismo no mundo inteiro tem despertado interesses vários acerca das apreciações sobre esta atividade. Têm sido elaboradas análises acerca do fenômeno de expansão constante e inserção da atividade em vários espaços pelo mundo, muitas das quais discutem uma conceituação para o turismo. Segundo a Organização Mundial de Turismo – OMT, o turismo é uma modalidade de deslocamento espacial que envolve a utilização de algum meio de transporte e ao menos um pernoite no destino; esse deslocamento pode ser motivado pelas mais diversas razões como: lazer, negócio, congressos, saúde e outros motivos, desde que não correspondam a formas de remuneração direta. A partir da definição acima se estabelece a segmentação do turismo (religioso,de eventos, de aventura, exótico, de negócios, de saúde, etc.). Ressalta-se aqui que a definição da OMT sugere que viagem e turismo são a mesma coisa. O problema vislumbrado é que os números contabilizados incluem todas as pessoas que realizam um deslocamento nesses moldes, usando a infraestrutura disponível no local, contudo, sem utilizar algum ou nenhum dos equipamentos turísticos. Referências: ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. 8. ed. Ática, 2004 BARRETTO, Margarita. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. 2.ed.Campinas,SP:Editora Papirus,1997. RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Espaço: rumo a um conhecimento transdisciplinar. 3. Ed. São Paulo: Hucitec, 2001 Publicação elaborada especialmente para a turma do Quarto ano do Curso de Geografia da UEG de Pires do Rio