ECONOMIA REGIONAL GOIANA
Referencial Teórico - Apesar de ser considerada recente – década de 50 – a Economia Regional surgiu como campo de pesquisa partindo-se da ideia de que a economia não opera num mundo sem dimensões geográficas. Além das desigualdades regionais, teve como um de seus principais focos o estudo da localização dos agentes econômicos. Duas principais correntes de pensadores ocuparam-se em estudar a localização dos meios produtivos, as teorias que dão suporte aos fatores de localização e aquelas que dão ênfase aos fatores aglomerativos. A corrente de pensadores que desenvolveu um conjunto de teorias voltadas a fatores de localização foi denominada de Teorias Clássicas de Localização, que vai de Von Thünen, em 1826, a Isard, na década de 1950. Os autores dessa escola enfatizam, de uma forma geral, as decisões do ponto de vista da firma, que, levando em conta o papel dos custos de transporte, procuraram determinar a sua “localização ótima” (CAVALCANTE, 2002). A partir dos anos 1950, surgem as teorias que dão ênfase aos fatores aglomerativos, tendo como inspiração as teorias keynesianas. Os principais autores foram Perroux (1967) com o conceito de “pólo de crescimento”; Myrdal (1968) com o conceito de “causação circular e acumulativa”; e Hirschman (1958) com os “efeitos para trás e para frente” (backward linkages e forward linkages). Esses autores deram maior ênfase a fatores dinâmicos da aglomeração, na medida em que incorporaram como fator de localização a complementaridade entre firmas e setores, assim como a noção de economia de escala mínima. As teorias desenvolvidas por Perroux, Myrdal e Hirschman são bastante próximas, pois levam em conta que o processo de desenvolvimento só pode ser iniciado a partir de polos que se aproveitam das vantagens da aglomeração e das externalidades, para depois se propagarem por novos setores e espaços, sendo o governo o mais importante agente coordenador e incentivador do processo.
Os investimentos deveriam ser efetuados em setores selecionados, com grandes chances de sucesso, isto é, em setores com ampla possibilidade de desencadear um processo propulsor do crescimento do produto e do emprego e não como postulava a teoria do crescimento econômico equilibrado, em que um grande número de atividades produtivas, não selecionadas, receberia um bloco de investimentos simultâneos. Desta forma, acreditava-se que o avanço de setores que recebessem investimentos provocaria estímulos em outros, constituindo poderosas engrenagens do desenvolvimento (SOUZA, 1999).
Segundo Amaral Filho (2001), os modelos de desenvolvimento regional “de cima para baixo”, ou seja, que parte do planejamento e da intervenção conduzidos pelo Estado nacional, recebeu diversas críticas, sendo que as principais tratam da pouca importância da questão da competitividade e por terem negligenciado a importância do progresso técnico e da inovação, essenciais para o desenvolvimento local/regional. As questões relativas às particularidades da geração e difusão das inovações em âmbito local/regional foram pouco exploradas por estes modelos de desenvolvimento regional. Com o fim dos anos dourados e com os questionamentos da eficácia das políticas keynesianas, surge nos anos 1970, a Teoria Novo-Clássica.
Perfil da Economia Regional Goiana – Regiões Econômicas
O Estado de Goiás está localizado na Região Centro-Oeste do país, possui uma área de 340.086,698 km² e limita-se com os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia e Tocantins. Goiás é composto por 246 municípios9 e, conforme o Mapa 1 está dividido em 5 (cinco) mesorregiões e em 18 (dezoito) microrregiões, a saber: Mesorregião Leste Goiano, que compreende 32 municípios, é composta pela Microrregião Entorno de Brasília e pela Microrregião Vão do Paranã; Mesorregião Centro Goiano, que compreende 82 municípios, é composta pela Microrregião Anápolis, pela Microrregião Goiânia, pela Microrregião Anicuns, pela Microrregião Ceres e pela Microrregião Iporá; Mesorregião Sul Goiano, que compreende 82 municípios, é composta pela Microrregião Sudoeste de Goiás, pela Microrregião Vale do Rio dos Bois, pela Microrregião Pires do Rio, pela Microrregião Meia Ponte, pela Microrregião Catalão e pela Microrregião Quirinópolis; Mesorregião Noroeste Goiano, que compreende 23 municípios, é composta pela Microrregião São Miguel do Araguaia, pela Microrregião Rio Vermelho e pela Microrregião Aragarças; e Mesorregião Norte Goiano, que compreende 27 municípios, é composta pela Microrregião Porangatu e pela Microrregião Chapada dos Veadeiros.
As iniciativas de desenvolvimento regional para Goiás não lograram resultados, não apenas porque partiram de diagnósticos equivocados, mas porque levam ao extremo a idéia de vocação. A partir da década de 1970 foi a soja. O cerrado gostava de soja, afirmavam os ufanistas enquanto a biodiversidade sumia do mapa e o solo dos chapadões escorria nas calhas dos grandes rios como Araguaia. Hoje, além da soja, a busca pela competitividade impõe a necessidade de produzir cana-de-açúcar, com irrestrito apoio do Estado.
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Algumas regiões correm o risco de se transformar em verdadeiros canaviais, com prejuízos para o meio ambiente e também para a economia local. Mas a vocação também esta no turismo, visto como o salvador dos pequenos municípios que tiveram a graça de ter em sua área um córrego assoreado, uma gruta ou mesmo um sítio colonial degradado. Enfim, uma regionalização pressupõe interpretação e ação. A regionalização proposta pela Agenda de Negócios revela uma concepção de desenvolvimento enquanto sinônimo de crescimento econômico e competitividade.
ARRAIS, Tadeu Alencas. O território goiano: uma abordagem quase contemporânea do desenvolvimento regional. In.: Anais
do XI ENA – Encontro Nacional da ANPUR. Belém: ANPUR, 2007b.
SILVA, Adaiton Lopes T. da: Estado, Planejamento e Gestão Pública em Goiás os
Governos de M. Borges e M. Perillo. Dissertação de Mestrado. Goiânia: Universidade
Federal de Goiás, 2003