quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


QUIRINÓPOLIS A NOVA CAPITAL DAS BIORREFINARIAS



Vista da Nova Fronteira Bio Energia, umas das duas Biorrefinarias em fase de instalação em Quirinopolis, que em 2015 será a maior usina de etanol do planeta.

Quem visitou Quirinopolis há dez anos atrás, jamais imaginaria o salto que a cidade daria em direção ao desenvolvimento. A estagnação da pecuária nos fins dos anos de 1990, contrasta com o espetacular crescimento econômico da atualidade.
Em 2005, o município de Quirinópolis, não tinha um único pé-de-cana-de-açúcar. Produzia apenas soja e gado. Seis anos depois, mais de um terço de suas terras passou a ser ocupado pela cana, num movimento que marca a expansão dos canaviais paulistas pelo Centro-Oeste.

O novo perfil econômico é a origem do apelido recebido por Quirinópolis: “Sertãozinho de Goiás”, uma referência a um dos principais pólos da cana em São Paulo. Dos 45 mil habitantes da cidade, 3.600 trabalham diretamente na usina Boa Vista, uma associação entre o grupo São Martinho e a Petrobras, e a usina São Francisco, do grupo paulista USJ e da Cargill.

As duas usinas, novinhas em folha, já estão em fase de ampliação, com projetos que, somados, deverão consumir mais de 1 bilhão de reais. Com capacidade de moer 8 milhões de toneladas de cana por dia na safra 2014/15, a Boa Vista se prepara para receber o título de maior usina de etanol do mundo.


Ao contrário do que acontece em outras atividades agrícolas, como o plantio de milho e soja, que pode ocorrer independentemente de haver na região uma indústria beneficiadora, a cana chega e traz consigo ao menos a usina para processá-la. O que explica o gigantismo da Boa Vista é, principalmente, a abundante oferta de terras na região e a previsão de que o cultivo da cana vai se alastrar pelo sul de Goiás.

“O setor era chamado de sucroalcooleiro, virou sucroenergético e agora as usinas têm sido tratadas como biorrefinarias. Com operações modernas, a região de Quirinópolis tem uma enorme chance de se desenvolver”, diz Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura.

Levando-se em conta o que aconteceu em grandes pólos da indústria, como na paulista Ribeirão Preto, a cidade de Quirinópolis tem potencial para assistir ao crescimento do segmento de prestação de serviços e pesquisa tecnológica ligada ao setor.

Por enquanto, a região está no início desse processo. Mas, movidas pela cana, muitas melhorias já podem ser sentidas. Nos últimos cinco anos, Quirinópolis passou da 39ª para a sexta posição entre as de melhor qualidade de vida em Goiás. Desde 2005, o número de empresas na cidade cresceu mais de 250%, para 3.300.


Lago Sol Poente, um dos cartões postais da cidade

A rede hoteleira ampliou sua capacidade em 70%. A valorização média dos imóveis nos últimos seis anos foi de 40%, e o número de veículos mais que dobrou – a cidade tem hoje um carro para cada dois habitantes. “O crescimento é notório. Todo dia uma nova loja é aberta”, diz Juliano Ramos, diretor da Avam, empresa de Pradópolis, São Paulo, que se instalou em Quirinópolis para atuar no corte e transporte da cana.

Nos últimos dois anos, as lojas de material de construção registraram crescimento nas vendas de até 300%.

“Quando a cana chega, a primeira coisa que muda é o setor de construção”, diz Márcia Azanha de Moraes, professora da Esalq/USP, que estou o impacto da atividade sobre a economia de diversos municípios do país.

Na região de Quirinópolis, terras de qualidade não faltam. E a logística é, no mínimo, razoável para os padrões brasileiros. A cidade está a 80 quilômetros de São Simão, onde fica o aeroporto com a segunda maior pista de Goiás. É lá que também passam a BR-364, que faz a ligação do município com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a BR-365, que leva ao Triângulo Mineiro e a São Paulo, e a rodovia estadual GO-164, com destino a Goiânia.

Quirinópolis também conta com um dos portos da hidrovia Tietê-Paraná e será cortada pela ferrovia Norte-Sul. São Simão tem uma unidade de beneficiamento de soja da Caramuru, mas a cana começa a aparecer. Em 2007, não havia um único canavial na cidade. Hoje eles ocupam mais de 6 mil hectares (Revista Exame, edição 1006)







Outros dois elementos também impulsionarão esse processo: a conclusão do trecho da ferrovia norte-sul, que deverá ter seu término em 2016, e a construção de UHE´s de
pequeno porte em cidades circunvisinhas.


UHE, no Rio Claro, município de Caçu

A perspectiva é que até 2010, 15 UHE´s já estejam concluídas, hoje 5 já estão em fase de conclusão, 3 no município de Caçu e 2 no município de Itarumã. Dois Rios do município, o Rio Preto e o São Francisco já estão sendo monitorados para possiveis implantações de UHE´s de pequeno porte. tudo isso transformará Quirinopolis, numa das cidades mais desenvolvidas do estado de Goiás.

sábado, 26 de novembro de 2011


A ECONOMIA NA ERA VARGAS


Política Econômica Agrária

A crise internacional de 1929 atingiu em cheio a economia brasileira, baseada exclusivamente na exportação de produtos primários, principalmente o café, que teve seus estoques aumentados e os preços do produto em queda. Desta forma o Governo de Getúlio Vargas teve início enfrentando os problemas da superprodução do café, o esgotamento de recursos cambiais e a crise das finanças públicas.
Vargas desejava evitar confronto com os plantadores de café, mas mesmo assim teve que enfrentar a oposição paulista com a Revolução Constitucionalista de 1932. Em 1933 o Conselho passou a ser o Departamento Nacional do Café – DNC, que ao final do Governo já era o Instituto Brasileiro do Café - IBC.
A "política de sustentação" adotada por Getúlio e pelo Ministro da Fazenda, o paulista José Maria Whitaker, foi baseada em três pontos:
• a compra de boa parte da safra de 1929/1930 com empréstimos de bancos ingleses, evitando que os cafeicultores falissem, porque se isto acontecesse pararia toda a economia do país que estava baseada no café e isto logicamente não interessava a ninguém, todos perderiam;
• o Governo passou a queimar parte do café, para desespero dos cafeicultores, desta forma entre 1931 e 1944 quando o Governo parou de destruir os estoques: as "quotas de sacrifício", foram incinerados 78,2 milhões de sacas de café. Esta providência pôs fim a queda desenfreada do preço do produto que pode ir se estabilizando no mercado internacional;
• paralelamente, o Governo lançou uma ofensiva comercial, vendendo café para novos países da Europa Central e assinou com os Estados Unidos um acordo, em 1935, com o qual eram mantidas as isenções de tarifa nas importações de café brasileiro.
Política Econômica Industrial

Apesar de o Governo Vargas ter equilibrado a situação do café no mercado internacional as dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola conduziram o Governo a investir no desenvolvimento industrial como saída para a dependência externa e assim, de certa forma pode se dizer que a crise serviu de incentivo à industrialização.

O Governo procurou estimular o desenvolvimento das indústrias através de um sistema de substituição das importações que implicava no incentivo à utilização da capacidade ociosa das indústrias já existentes no país. A indústria têxtil e outras acabaram se beneficiando com os obstáculos colocados às importações de similares.Além disto, isenções foram criadas para exportações de bens de capital e as indústrias de base tiveram grande desenvolvimento.

Os industriais que haviam feito oposição ao Governo Vargas no seu início, acabaram se aproximando do poder. O boicote à Legislação Trabalhista, foi desaparecendo gradativamente ao longo da década de 30.

Outras políticas que favoreceram o crescimento industrial foram: a regulamentação do trabalho pela Legislação Trabalhista, a regulamentação sindical e das leis previdenciárias e a organização corporativa da indústria abrindo espaço no Congresso e no Executivo para suas reivindicações.
Na área petrolífera, em meados dos anos 1930 já se pensava no petróleo como fonte energética para a indústria. Entre 1935 e 1937 no Brasil, foram criadas 25 destilarias de óleo diesel entre as quais: a Refinaria Matarazzo em São Paulo e a Uruguaiana no Rio Grande do Sul.
Em 1935, o Conselho Federal de Comércio Exterior – CFCE, já alertava para a dependência da economia brasileira das companhias de petróleo estrangeiras. Em 1938 foi descoberto petróleo na Bahia e em virtude deste fato, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo - CNP, dando os primeiros passos para o país administrar a política petrolífera, controlando o refino e a distribuição, com o objetivo de diminuir a dependência brasileira.
Na área de siderurgia o setor privado já havia constituído um incipiente mercado de empresas siderúrgicas, mas os militares continuavam a sonhar com a participação estatal na área, para sustentar um processo de industrialização mais acelerado.
Com o Acordo de Cooperação Militar assinado em 1942 com os Estados Unidos, o Brasil cedeu bases militares no Nordeste e se comprometeu com o fornecimento de minerais estratégicos para os Estados Unidos em troca de créditos para a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e reestruturação daEstrada de Ferro Vitória – Minas necessária para à construção da Companhia Vale do Rio Doce, que seria responsável pela exploração e exportação de minérios.
A CSN que já havia sido criada em 1941, iniciou a construção da Usina de Volta Redonda, que em 1946 começou a produzir coque e em 1948 passou a funcionar com todo seu potencial. A CSN ficava localizada em Volta Redonda no Rio de Janeiro, nas proximidades do eixo Rio - São Paulo, o mais importante do país, servida pela Estrada de Ferro Central do Brasil e geograficamente eqüidistante de Minas Gerais que tinha o minério de ferro e de Santa Catarina que tinha o carvão.
Estava dado o primeiro passo para o grande crescimento da siderurgia no Brasil. A fim de contribuir com a formação de mão-de-obra especializada para o setor industrial, foi criado o Serviço Nacional da Indústria – SENAI, em 1942 e o Serviço Social da Indústria – SESI, em 1943.
Na área de energia elétrica, o Governo teve início com a capacidade geradora do país muito abaixo da demanda da sociedade da época. A maior parte do país ainda utilizava os lampiões de querosene, a lenha e os geradores particulares para iluminar as residências e movimentar as indústrias.
Após 1930, quando a economia começou a crescer recuperando-se da crise, a oferta de energia encontrava-se estagnada, com racionamentos que prejudicavam qualquer desenvolvimento industrial. O Grupo Light, de origem canadense, que em 1899 se instalou em São Paulo, em 1905 no Rio de Janeiro e que em 1913 se estruturou na Brazilian Traction, Light and Power Co., após 1920 se consolidou no eixo Rio – São Paulo.
O Sistema Financeiro Brasileiro
O setor bancário brasileiro teve sua estruturação apoiado em três bases:
• bancos estatais - representado pelo Banco do Brasil proveniente da época do Império e alguns bancos estaduais que começaram a se estruturar a partir de 1928;
• bancos privados – com caráter regional, mas que já começava a apresentar alguma solidez financeira, sendo os mais importantes: o Banco Comércio e Indústria de São Paulo e o Banco da Província do Rio Grande do Sul;
• bancos estrangeiros – representados pelos bancos britânicos que operavam no Rio de Janeiro desde 1923 e mais alguns franceses, portugueses, italianos e alemães. Estes bancos operavam com a exportação do café.
No Governo Vargas, o Banco do Brasil se firmou como o centro do sistema bancário, colocando-se no apoio e garantia do setor. Em 1932 foi criada a Caixa de Mobilização bancária que juntamente com a Carteira de Redesconto que já existia desde 1921, faziam com que ele atuasse como um banco comercial e também agência financeira do Governo, regulando o mercado bancário e financiando direta e indiretamente a produção rural e depois também a industrial.
Em 1939 foi criado o Instituto de Resseguros do Brasil – IRB, uma empresa mista, que passou a congregar as atividades de resseguros brasileiros no exterior antes executado por companhias estrangeiras. O setor de seguros, assim como os bancos, foram devidamente regulamentados e consolidados no Governo de Getúlio.
Ao final do Estado Novo havia no Brasil 488 agências bancárias, os depósitos representavam 30% do PIB, tendo o Banco do Brasil, 35% do total dos depósitos e os 29 grandes bancos que se seguiam a ele detinham 42%.

REFERÊNCIAS

(1) - Maria Antonieta P. Leopoldi. "A Economia Política do Primeiro Governo Vargas (1930-1945): A Política Econômica em Tempos de Turbulência" in FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucília de Almeida Neves. Organizadores. O Brasil Republicano – O Tempo do Nacional Estatismo do Início da Década de 1930 ao Apogeu do Estado Novo. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2003, pág. 246.


RESUMO DA ERA VARGAS: Durante o governo de Getúlio Vargas, ocorreram diversas transformações nacionais: a industrialização progrediu de forma substancial, as cidades cresceram, o Estado se tornou forte, interferiu na economia e foi instaurada uma nova relação com os trabalhadores urbanos. Enquanto permaneceu no poder, Vargas foi chefe de um governo provisório (1930-1934), presidente eleito pelo voto indireto (1934-1937) e ditador (1937-1945).Ao tomar posse em 1930, Getúlio Vargas discursou que o seu governo era provisório, mas tão logo começou a governar, tomou uma série de medidas que fortificaram o seu poder. Vargas suprimiu a constituição estabelecida, exonerou os governadores e, para substituí-los, nomeou interventores de sua confiança. Os tenentes no papel de interventores substituíram os presidentes de estados exonerados e cumpriram a tarefa de neutralizar as possíveis resistências dos velhos poderes locais ao novo governo, a fim de consolidar a revolução. A Era Vargas contou com uma política intervencionista ferrenha, através disso o poder público contemplou outros interesses sociais, superando a visão arcaica que a oligarquia tinha das funções do Estado.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ciclo do Café: 1800 - 1930


O café foi trazido para o Brasil em 1727, por Francisco de Melo Palheta, que levou as mudas para o Pará. No início, era utilizado apenas no consumo doméstico, e acredita-se que, por volta de 1760, já existissem pequenos cultivos no Rio de Janeiro.
Foi ao longo do Vale do Paraíba, região que abrange terras do Rio de Janeiro e de São Paulo, que o café, considerado um artigo de sobremesa, se tornou o principal na pauta de exportação brasileira. Desde o período regencial, o café já propiciava grandes lucros para o país, mas foi no Segundo Império que a produção atingiu seu apogeu.
A região do Vale do Paraíba era bastante apropriada para a cafeicultura, pois era abundante em terras virgens e tinha um clima favorável. A implantação das fazendas se deu pela tradicional forma de plantation, ou seja, grandes propriedades, cultivo para exportação e uso de mão-de-obra escrava.
Para começar a produção de café era necessária uma boa quantidade de recursos, pois se tinha de comprar escravos, derrubar a mata e preparar a terra. O cafeicultor não teria um lucro imediato com a plantação, já que os cafezais só produzem depois de quatro anos. Por isso, acredita-se que os primeiros cafeicultores já tinham um capital de reserva, provavelmente oriundo da expansão do comércio que houve após a vinda de Dom João VI, em 1808.
A produção era feita através do uso extensivo do solo, ou seja, somente quando a terra não tinha mais nutrientes necessários é que se trocava de região, deixando a antiga abandonada ou para pequenas plantações. Os instrumentos de trabalho eram, praticamente, apenas a enxada e a foice. Quando a planta começava a produzir, os escravos colhiam o café manualmente.
Depois da colheita, o café deveria passar de 30 a 90 dias secando ao sol. Em seguida, retiravam-se os grãos de seus revestimentos, era o chamado beneficiamento. O instrumento mais comum usado para a realização do beneficiamento do café era o monjolo, formado por pilões socadores, movidos a água, tração animal ou as duas. Dessa forma, podemos caracterizar a produção existente no Vale do Paraíba como pré-industrial.
O transporte nessa primeira fase produtiva era, também, bastante precário, sendo realizado até em tropas de burros. Somente com o tempo o governo investiu na construção de ferrovias. A exportação do café era realizada por grandes corporações norte-americanas e inglesas. Com o tempo, os Estados Unidos tornaram-se os maiores consumidores, mas também era importante a venda que se fazia para os Países Baixos, Alemanha e Escandinávia. A Inglaterra era a principal credora para a cafeicultura brasileira, aumentando enormemente a dívida externa.

Aos poucos, a riqueza vinda do café foi realizando uma grande transformação na estrutura da região Centro-Sul. Foram criados empregos, melhorou-se a condição dos portos e instalaram-se novas formas de transporte. Os grandes fazendeiros do Vale receberam títulos de nobreza, e passaram a ser a principal base de apoio para o Imperador. Eram os “Barões do café”.

Por volta de 1850, a cafeicultura no Vale atingiu seu auge. Vassouras foi considerada a "capital do café". Solucionou-se os problemas de transporte com a construção da ferrovia Dom Pedro II, tempos depois chamada de Central do Brasil.

A economia cafeeira em São Paulo foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920. Como o Brasil detinha o controle sobre grande parte da oferta mundial desse produto, podia facilmente controlar os preços do café nos mercados internacionais, obtendo assim lucros elevados.
As políticas governamentais de valorização do café, conforme instituídas do Convênio de Taubaté em 1906, consistiam basicamente na compra, por parte do governo federal, dos estoques excedentes da produção de café, por meio de empréstimos externos financiados por tributos cobrados sobre a própria exportação de café. No curto prazo, tal política ajudou a sustentar os preços internacionais do produto, sustentando a renda dos exportadores.

A crise internacional de 1929 exerceu imediatamente um duplo efeito na economia brasileira: ao mesmo tempo em que reduziu a demanda internacional pelo café brasileiro, pressionando seus preços para baixo, impossibilitou ao governo brasileiro tomar empréstimos externos para absorver os estoques excedentes de café, devido ao colapso do mercado financeiro internacional. Todavia, o governo não poderia deixar os produtores de café a sua própria sorte e vulneráveis os efeitos da grande crise; o custo político de uma atitude como essa seria impensável para um governo que ainda estava se consolidando no poder, como era o caso do governo de Getúlio Vargas no início da década de 1930. Por isso, a partir deste período, o Estado brasileiro passou a desempenhar um papel ativo na economia nacional.

O Ciclo da Mineração - 1709 - 1789


O ouro brasileiro provocaria grandes mudanças, que levariam ao esgotamento da primeira fase do açúcar. Contudo, o metal não superaria, em cifras de produção global, o montante de recursos que o açúcar forneceu ao longo da história da colônia. Quando surgiu no palco nacional, porém, fez grande alarde, atraindo todas as atenções locais e internacionais. As demais atividades declinaram diante da importância desse metal. O ouro atraiu para Minas Gerais, junto com as classes dominantes, um contingente populacional carregado pelo ilusão do enriquecimento rápido.
É verdade que se buscava ouro desde o início da empreitada mercantil. A descoberta desse metal pelos espanhóis sempre havia alimentado a fantasia lusa de que todo o território americano estivesse repleto de jazidas auríferas, e essa esperança permaneceu viva durante dois séculos de exploração. Comprovam-no as várias expedições que, desde o início, tinham se embrenhado mata adentro. Muitos membros dessas empreitadas pagaram com a própria vida a ousadia, pois quase todas se perderam, vitimas dos índios ou da própria natureza.
Essas expedições assumiram diversas formas, dentre as quais destacaram-se as bandeiras paulistas, que tinham como objetivo a captura de índios. Foram esses aventureiros que encontraram o ouro mineiro na região das cidades históricas de Minas Gerais. Começou, então, a corrida ao ouro brasileiro, que, durante um século, ocuparia o centro nervoso da economia.

Ouro de Aluvião


A repercussão da descoberta do metal ocasionou um movimento migratório inédito para o Brasil, alterando-se o perfil populacional, sobretudo pelo surgimento de uma camada média na escala social. A mineração atraiu colonos de menores posses, devido ao tamanho mais modesto das minas brasileiras em relação às das colônias castelhanas. No que diz respeito à importância dessa migração, Furtado afirma: “ Não se conhecem dados precisos sobre o volume da corrente emigratória que, das ilhas do Atlântico e do território português, se formou com direção ao Brasil no decorrer do século XVIII. Sabe-se, porém, que houve alarme em Portugal, e que se chegou a tomar medidas concretas para dificultar o fluxo migratório”. A indústria da mineração consubstanciavam-se na exploração das jazidas, a qual se dava, de um lado, nas lavras e de outro, pelo trabalho dos fiscadores – homens livres e nômades que produziam isoladamente e já faziam parte do cenário europeu. Seu volume tendeu a aumentar na fase de decadência do ouro.
Diferentemente do ciclo econômico anterior, alguns escravos gozavam de uma posição diferenciada na economia mineira, com maior mobilidade social. Podiam mesmo chegar a se estabelecer por conta própria, trabalhando por quotas e acumulando o suficiente para adquirir a própria liberdade.
No passado, somente os grandes proprietários gozavam do status advindo de sua posição dominante na estratificação social vigente. Em Minas, porém, as possibilidades eram outras e vários empreendedores de menor porte logravam sucesso na nova atividade.
É dessa época a determinação da quinta parte – o quinto – como taxação sobre o ouro extraído.
A Fazenda Real enfrentava muitos contratempos para a fiscalização da cobrança desse imposto. Tratava-se de um tributo alto para os mineradores, que não pouparam criatividade para burlar o fisco e maquiar o montante da produção obtida. As conseqüências para os infratores eram severas. Todas essas medidas foram somadas a outra, mais drástica para os envolvidos no atraente negócio das minas de ouro: a decretação da quota mínima, por volta de 100 arrobas ou 1.500 quilos. Espontaneamente ou de forma compulsória, por meio do derrame, a quantia tinha que ser entregue à fiscalização. Tamanho abuso de Lisboa determinou um clima de revolta, culminando com a Inconfidência Mineira, que, apesar de todos os percalços, conseguiu pôr um fim nesses atos predatórios parta a colônia.

sábado, 3 de setembro de 2011

Economia Brasileira Colonial - Economia Açucareira




Os primeiros indícios da produção de açúcar no Brasil em
grandes quantidades dizem respeito ao engenho fundado por
Martim Afonso de Souza, em São Vicente, provavelmente em
1534. Apesar de ser inicialmente cultivada no atual Estado de
São Paulo, o cultivo da cana encontrou melhores condições
climáticas e de solo na região nordestina – conhecida como Zona
da Mata. Foi a partir de meados do século XVI que a produção
alcançou grande escala, contribuindo para o crescimento da
colônia. A atividade tomou tal vulto que, por volta de 1560,
havia cerca de 57 engenhos funcionando no Brasil, além de
pelo menos cinco em construção. Estes estabelecimentos concen
travam-se, em sua maioria, nas capitanias de Pernambuco
(20 engenhos e 3 em construção) e Bahia de Todos os Santos
(18 engenhos). Os demais estavam distribuídos nas capitanias
de Itamaracá, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo e São Vicente.
A produção brasileira de açúcar beneficiou-se da experiência
portuguesa, desenvolvida nas Ilhas do Atlântico (Madeira e
São Tomé), em meados do século XV.
O empreendimento contava, inicialmente, com o apoio de
comerciantes italianos, já que estes não apenas controlavam o
comércio, como também monopolizavam a refinação de todo o
açúcar consumido na Europa. Entretanto, à medida que a
produção portuguesa ia-se ampliando, o monopólio dos italianos
seria quebrado, possibilitando o sucesso da aliança formada por
portugueses e flamengos, que viriam substituir os italianos.
Entretanto, os canais de comercialização não se ampliam na
mesma medida que a produção se amplia.
A queda no preço do açúcar foi inevitável. A crise de
superprodução indica que o açúcar não poderia ser
absorvido senão em escala relativamente limitada.
Uma das conseqüências principais da concorrência portuguesa
no mercado fora a ruptura do monopólio, que mantinham os
italianos, do acesso às fontes de produção. A aliança com a
Holanda viabilizou a implantação da indústria açucareira no
Brasil. Além da experiência comercial dos holandeses, foi
de suma importância sua participação no financiamento para
a construção dos primeiros engenhos no Nordeste brasileiro.
Contudo, a estruturação da economia açucareira no Brasil
encontrou dificuldades na insuficiência de trabalhadores
para viabilizá-la. A atração de trabalhadores portugueses
somente seria possível através de salários compensadores,
elevando custos, o que inviabilizaria a produção baseada em
mão-de-obra livre. Também a forma de ocupação do solo
impunha um problema a mais, pois diferentemente da
experiência nas Ilhas do Atlântico, onde havia pouca quantidade
de terra disponível, a vastidão do território brasileiro
possibilitava formas de utilização extensivas, através da
produção em grandes unidades. Ou seja, não poderia ser
reproduzida a estrutura de cultivo baseada na pequena
propriedade e no trabalho livre. A solução encontrada para os
dois problemas foi a utilização de mão-de-obra escrava,
primeiramente indígena, depois africana, o cultivo em
latifúndios, em que o senhor de engenho, acompanhado de
um seleto grupo de trabalhadores livros, organizava e
controlava a produção.




O engenho constituía um organismo completo e que, tanto
quanto possível, se bastava a si mesmo. Tinha capela onde se
rezavam missas. Tinha escola de primeiras letras, onde o
padre-mestre ensinava dos meninos. A alimentação diária dos
moradores, e aquela com que se recebiam os hóspedes,
procedia das plantações, das criações, da caça, da pesca
proporcionadas no próprio lugar. Também no lugar
montavam-se as serrarias, de onde saíam acabados o
mobiliário, os apetrechos do engenho, além da madeira
para as casas...
(HOLANDA apud MENDONÇA; PIRES, 2002, p.55).


Crise da economia açucareira –
o problema da mão-de-obra

A indústria açucareira brasileira constituiu uma
extraordinária fonte de riqueza para a metrópole lusa,
tornando-se a maior produtora mundial durante o
século XVI. Entretanto, em meados do século XVII,
essa economia entraria em declínio, levando Portugal a
perder seu lugar como potência mundial.
O processo de decadência da indústria açucareira
inicia-se com a disputa acirrada entre os diversos países
europeus pela hegemonia econômica mundial. Com efeito,
desde o início da colonização, o território brasileiro havia
sido alvo de disputas entre os diversos países europeus.
Os primeiros a tentarem se apossar da terra
foram os franceses.

Os efeitos da União Ibérica no Brasil Colonial
Ao longo de quase todo o século XVI, Portugal
conseguiu derrotar os invasores e manter a soberania
sobre a colônia. Esse domínio, porém, entraria em crise a
partir de 1580, quando a monarquia lusitana passou a ser
controlada pela Espanha, em decorrência da questão
sucessória que levou ao fim da Dinastia de Avis. Esta
fase se estendeu até 1640.
Durante este período foi travada uma guerra entre a
Espanha e Holanda. Tendo em vista a incorporação de
Portugal ao Império espanhol, esta provocou as primeiras
disputas entre o reino lusitano e os Países Baixos, que
tiveram início em 1595, quando os holandeses
promoveram a pilhagem de feitorias lusitanas na costa
da África. Logo depois, atacaram Salvador.

A partir de 1621, o conflito seria retomado, sobretudo depois
da criação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.
Entre 1624 e 1625, ocorreria a primeira invasão holandesa
ao Brasil, tendo como alvo a Bahia. Em 1630, haveria um
novo ataque, dessa vez em Pernambuco – a principal e mais
rica região produtora de açúcar no mundo. Existiam, nesta
região, mais de 120 engenhos, que, nas melhores safras, davam
mais de mil toneladas do produto.
Os holandeses conseguiram permanecer em Pernambuco por
mais de duas décadas. Entretanto, a intenção dos holandeses
não era colonizar o Brasil – isto é, de se transferir para cá com
as famílias e estabelecer uma nova pátria; movia-se apenas o
interesse mercantil. A atração vinha pelos grandes lucros do
açúcar, fabricado nos engenhos que os portugueses tinham
fundado nas terras tropicais. Porém, depararam-se com uma
sociedade e uma economia organizada, o que, se, por um lado,
lhes prometia lucros imediatos, por outro se defrontaram com
uma cultura que não se deixou subjugar.
O fim do domínio espanhol, em 1640, não significou o término
da guerra contra os holandeses. Os homens do comércio
holandeses e a própria Cia. das Índias Ocidentais tinham
emprestado somas enormes aos agricultores para restauração
dos engenhos destruídos pela guerra e fomento da produção
de açúcar. Os senhores de engenho deveriam pagar suas dívidas
em espécie, porém, devido a vários contratempos (enchentes,
incêndios, epidemias de negros, seca) e mais a queda do preço
do açúcar, impossibilitou-os de cumprir os seus compromissos.
A luta pela expulsão dos holandeses, portanto, continuou mesmo
depois do fim da dominação espanhola, principalmente,
porque os Países Baixos não mais pretendiam abrir mão da
área conquistada no Nordeste brasileiro e dos lucros auferidos
com o controle direto sobre a produção açucareira. Finalmente,
Portugal conseguiria retomar para si o território após nove anos
de guerra (1645 – 1654).

O declínio da Economia Açucareira
Durante os séculos XVI e XVII, nossa economia,
praticamente sustentou-se na produção do açúcar.
O Brasil era o principal produtor mundial de açúcar.
Porém, quando em 1580, Portugal e suas colônias
passaram para o domínio espanhol, o rei Filipe II
tentou impedir o comércio holandês.
A Holanda, interessada no açúcar brasileiro fez duas
invasões: uma na Bahia (1624) que fracassou e outra
em Pernambuco (1630-1654), que foi vitoriosa.
Durante o período em que os holandeses dominaram,
a economia açucareira progrediu muito. No entanto,
a política econômica da Holanda em relação ao preço
de compra e venda do produto começou a prejudicar os
senhores de engenho, que tiveram seus lucros diminuídos.
Esta situação acabou provocando descontentamentos e uma
forte reação, que acabou com a expulsão dos holandeses
em 1654. Os holandeses, ao deixarem o Brasil, foram para as
Antilhas (ilhas da América Central). Lá, com as técnicas
de produção aprendidas no Brasil, desenvolveram a lavoura
canavieira.
Em poucos anos, o Brasil perdeu sua posição de primeiro
produtor mundial. Os senhores de engenho empobreceram


Referência Bibliográfica

Economia brasileira / Antônio Corrêa de Lacerda... [et al.]; organizadores José Márcio Rego, Rosa Maria Marques; colaboração
especial Rodrigo Antonio Moreno Serra. — 4.ed. — São Paulo :
Saraiva, 2010

terça-feira, 23 de agosto de 2011


Petrobrás Anuncia a criação da Maior Usina de Etanol do Mundo

Quirinópolis terá a maior Usina de Etano do Mundo


LEON ALVES CORREA*


Se alguém duvidava do boom de crescimento da economia quirinópolis, essas dúvidas agora são parte do passado, em pleno auge da crise econômica mundial, a A Nova Fronteira Bioenergia, joint venture da Petrobras Biocombustíveis (PBio) e do grupo paulista São Martinho, anunciou nesta quarta-feira (17) que foi aprovado pelo seu conselho o investimento de R$ 520 milhões para ampliar a moagem de cana da usina Boa Vista, de Quirinópolis (GO), dos atuais 2,35 milhões de toneladas para 8 milhões de toneladas. Com isso, a unidade se tornará a maior usina de etanol de cana do mundo, segundo Miguel Rossetto, presidente da PBio.
A previsão é de que o projeto saia do papel ainda este ano e seja concluído para a safra 2014/15. Com isso, a produção de etanol da unidade sairá dos atuais 210 milhões de litros para 700 milhões de litros, distribuídos igualmente entre anidro e hidratado. A cogeração de energia, atualmente em 220 mil MegaWatt/hora (MW/h), vai quase triplicar para 600 mil MW/h.
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A expectativa é de que do investimento total de R$ 520 milhões, em torno de R$ 400 milhões (76,9%) sejam de dívida, basicamente de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O restante, em torno de R$ 120 milhões, virá de capital próprio da Nova Fronteira, diz Fábio Venturelli, diretor-presidente da joint venture e CEO do grupo São Martinho.
A Nova Fronteira Bioenergia, que hoje também lançou oficialmente seu novo logotipo, foi formada em junho do ano passado com 51% do capital do grupo São Martinho, que entrou com os ativos da Boa Vista, avaliados em R$ 438 milhões. Os 49% restantes já foram comprados pela PBio que agora precisa aportar cerca de R$ 170 milhões para complementar os R$ 420,8 milhões totais para assumir de fato a participação já anunciada.
O projeto deverá gerar 3 mil empregos, entre diretos e indiretos, segundo a companhia.

• LEON ALVES CORREA é professor de economia da Universidade Estadual de Goiás desde 1999 e da Faculdade Quirinópolis desde

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Programação do Trabalho de Campo


Segue ao lado programação do evento:
DIA 28/05/2011
13h – Reunião para Saída – Campus Universidade Estadual de Goiás/UEG.
14h30min – 1º Momento: Fazenda Cachoeirinha do Rio Preto (de propriedade do Sr. Divino Antonio Ferreira e Sra. Ivaneti Aparecida da Silva Ferreira);
16h – 2º Momento: Divisão dos Grupos de Alunos – atividade empírica na comunidade do Salgado;
18h – 3º Momento: Fala de Fechamento do Dia na Escola Municipal do Salgado;
20h – 4º Momento: Refeição e Confraternização na Escola Municipal do Salgado;
22h30min – Encerramento da Confraternização.
23h - Recolhimento para repouso (impreterivelmente)

DIA 29/05/2011 (Dia do Geógrafo)
7h – Café da Manhã na Escola Municipal do Salgado.
8h – 1º Momento: Realização de Trilha/Cachoeira;
10h – 2º Momento: Fala com os Produtores Locais (Casa das Abelhas; Produtores de Leite, etc);
12h – 3º Momento: Refeição na Escola Municipal do Salgado;
14h – 4º Momento: Saída para Quirinópolis – se necessário faremos outras paradas no trajeto de retorno;
17h30min – Encerramento das atividades.
17h45 - Retorno a Quirinópolis

Trabalho de Campo na Região do Salgado


O trabalho de campo na Região do Salgado (município de Quirinópolis) é um iniciativa do departamento de Geografia da UEG Quirinópolis. Coordenado pelo professor Jean Carlos Vieira do Santos o Trabalho contém vasta programação, a ser cumprida em dois dias (dias 28 e 29 (dia do geográfo) de maio de 2011. em anexo imagens das diretrizes e programação do trabalho.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Livro - Quirinópolis, Mãos e Olhares diferentes (1832 a 2010)

Aconteceu no sábado, dia 22 de janeiro, data em que Quirinópolis completa 67 anos de emancipação política e 179 anos de história, o lançamento do Livro, de autoria de 129 autores, tendo como organizadora a Profa. Mestra Maria da Felicidade Urzedo. A cerimônia foi dividida em 2 momentos, o primeiro no Palácio da Cultura Teotônio Vilela, com o lancamento oficial e homenagem aos 129 autores. O segudo momento aconteceu no Centro Comunitário Dona Margaria, onde os 129 autores distribuiram autógrafos e fizeram uma exposição de 129 painéis alusivos a cada Capítulo. A seguir postaremos todos os paineis que resumem os 129 capítulo do livro. Uma obra sensacional, que poucas cidades brasileiras tem a honra de contar com algo tão representativo acerca de seus registros históricos