sábado, 3 de setembro de 2011

Economia Brasileira Colonial - Economia Açucareira




Os primeiros indícios da produção de açúcar no Brasil em
grandes quantidades dizem respeito ao engenho fundado por
Martim Afonso de Souza, em São Vicente, provavelmente em
1534. Apesar de ser inicialmente cultivada no atual Estado de
São Paulo, o cultivo da cana encontrou melhores condições
climáticas e de solo na região nordestina – conhecida como Zona
da Mata. Foi a partir de meados do século XVI que a produção
alcançou grande escala, contribuindo para o crescimento da
colônia. A atividade tomou tal vulto que, por volta de 1560,
havia cerca de 57 engenhos funcionando no Brasil, além de
pelo menos cinco em construção. Estes estabelecimentos concen
travam-se, em sua maioria, nas capitanias de Pernambuco
(20 engenhos e 3 em construção) e Bahia de Todos os Santos
(18 engenhos). Os demais estavam distribuídos nas capitanias
de Itamaracá, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo e São Vicente.
A produção brasileira de açúcar beneficiou-se da experiência
portuguesa, desenvolvida nas Ilhas do Atlântico (Madeira e
São Tomé), em meados do século XV.
O empreendimento contava, inicialmente, com o apoio de
comerciantes italianos, já que estes não apenas controlavam o
comércio, como também monopolizavam a refinação de todo o
açúcar consumido na Europa. Entretanto, à medida que a
produção portuguesa ia-se ampliando, o monopólio dos italianos
seria quebrado, possibilitando o sucesso da aliança formada por
portugueses e flamengos, que viriam substituir os italianos.
Entretanto, os canais de comercialização não se ampliam na
mesma medida que a produção se amplia.
A queda no preço do açúcar foi inevitável. A crise de
superprodução indica que o açúcar não poderia ser
absorvido senão em escala relativamente limitada.
Uma das conseqüências principais da concorrência portuguesa
no mercado fora a ruptura do monopólio, que mantinham os
italianos, do acesso às fontes de produção. A aliança com a
Holanda viabilizou a implantação da indústria açucareira no
Brasil. Além da experiência comercial dos holandeses, foi
de suma importância sua participação no financiamento para
a construção dos primeiros engenhos no Nordeste brasileiro.
Contudo, a estruturação da economia açucareira no Brasil
encontrou dificuldades na insuficiência de trabalhadores
para viabilizá-la. A atração de trabalhadores portugueses
somente seria possível através de salários compensadores,
elevando custos, o que inviabilizaria a produção baseada em
mão-de-obra livre. Também a forma de ocupação do solo
impunha um problema a mais, pois diferentemente da
experiência nas Ilhas do Atlântico, onde havia pouca quantidade
de terra disponível, a vastidão do território brasileiro
possibilitava formas de utilização extensivas, através da
produção em grandes unidades. Ou seja, não poderia ser
reproduzida a estrutura de cultivo baseada na pequena
propriedade e no trabalho livre. A solução encontrada para os
dois problemas foi a utilização de mão-de-obra escrava,
primeiramente indígena, depois africana, o cultivo em
latifúndios, em que o senhor de engenho, acompanhado de
um seleto grupo de trabalhadores livros, organizava e
controlava a produção.




O engenho constituía um organismo completo e que, tanto
quanto possível, se bastava a si mesmo. Tinha capela onde se
rezavam missas. Tinha escola de primeiras letras, onde o
padre-mestre ensinava dos meninos. A alimentação diária dos
moradores, e aquela com que se recebiam os hóspedes,
procedia das plantações, das criações, da caça, da pesca
proporcionadas no próprio lugar. Também no lugar
montavam-se as serrarias, de onde saíam acabados o
mobiliário, os apetrechos do engenho, além da madeira
para as casas...
(HOLANDA apud MENDONÇA; PIRES, 2002, p.55).


Crise da economia açucareira –
o problema da mão-de-obra

A indústria açucareira brasileira constituiu uma
extraordinária fonte de riqueza para a metrópole lusa,
tornando-se a maior produtora mundial durante o
século XVI. Entretanto, em meados do século XVII,
essa economia entraria em declínio, levando Portugal a
perder seu lugar como potência mundial.
O processo de decadência da indústria açucareira
inicia-se com a disputa acirrada entre os diversos países
europeus pela hegemonia econômica mundial. Com efeito,
desde o início da colonização, o território brasileiro havia
sido alvo de disputas entre os diversos países europeus.
Os primeiros a tentarem se apossar da terra
foram os franceses.

Os efeitos da União Ibérica no Brasil Colonial
Ao longo de quase todo o século XVI, Portugal
conseguiu derrotar os invasores e manter a soberania
sobre a colônia. Esse domínio, porém, entraria em crise a
partir de 1580, quando a monarquia lusitana passou a ser
controlada pela Espanha, em decorrência da questão
sucessória que levou ao fim da Dinastia de Avis. Esta
fase se estendeu até 1640.
Durante este período foi travada uma guerra entre a
Espanha e Holanda. Tendo em vista a incorporação de
Portugal ao Império espanhol, esta provocou as primeiras
disputas entre o reino lusitano e os Países Baixos, que
tiveram início em 1595, quando os holandeses
promoveram a pilhagem de feitorias lusitanas na costa
da África. Logo depois, atacaram Salvador.

A partir de 1621, o conflito seria retomado, sobretudo depois
da criação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.
Entre 1624 e 1625, ocorreria a primeira invasão holandesa
ao Brasil, tendo como alvo a Bahia. Em 1630, haveria um
novo ataque, dessa vez em Pernambuco – a principal e mais
rica região produtora de açúcar no mundo. Existiam, nesta
região, mais de 120 engenhos, que, nas melhores safras, davam
mais de mil toneladas do produto.
Os holandeses conseguiram permanecer em Pernambuco por
mais de duas décadas. Entretanto, a intenção dos holandeses
não era colonizar o Brasil – isto é, de se transferir para cá com
as famílias e estabelecer uma nova pátria; movia-se apenas o
interesse mercantil. A atração vinha pelos grandes lucros do
açúcar, fabricado nos engenhos que os portugueses tinham
fundado nas terras tropicais. Porém, depararam-se com uma
sociedade e uma economia organizada, o que, se, por um lado,
lhes prometia lucros imediatos, por outro se defrontaram com
uma cultura que não se deixou subjugar.
O fim do domínio espanhol, em 1640, não significou o término
da guerra contra os holandeses. Os homens do comércio
holandeses e a própria Cia. das Índias Ocidentais tinham
emprestado somas enormes aos agricultores para restauração
dos engenhos destruídos pela guerra e fomento da produção
de açúcar. Os senhores de engenho deveriam pagar suas dívidas
em espécie, porém, devido a vários contratempos (enchentes,
incêndios, epidemias de negros, seca) e mais a queda do preço
do açúcar, impossibilitou-os de cumprir os seus compromissos.
A luta pela expulsão dos holandeses, portanto, continuou mesmo
depois do fim da dominação espanhola, principalmente,
porque os Países Baixos não mais pretendiam abrir mão da
área conquistada no Nordeste brasileiro e dos lucros auferidos
com o controle direto sobre a produção açucareira. Finalmente,
Portugal conseguiria retomar para si o território após nove anos
de guerra (1645 – 1654).

O declínio da Economia Açucareira
Durante os séculos XVI e XVII, nossa economia,
praticamente sustentou-se na produção do açúcar.
O Brasil era o principal produtor mundial de açúcar.
Porém, quando em 1580, Portugal e suas colônias
passaram para o domínio espanhol, o rei Filipe II
tentou impedir o comércio holandês.
A Holanda, interessada no açúcar brasileiro fez duas
invasões: uma na Bahia (1624) que fracassou e outra
em Pernambuco (1630-1654), que foi vitoriosa.
Durante o período em que os holandeses dominaram,
a economia açucareira progrediu muito. No entanto,
a política econômica da Holanda em relação ao preço
de compra e venda do produto começou a prejudicar os
senhores de engenho, que tiveram seus lucros diminuídos.
Esta situação acabou provocando descontentamentos e uma
forte reação, que acabou com a expulsão dos holandeses
em 1654. Os holandeses, ao deixarem o Brasil, foram para as
Antilhas (ilhas da América Central). Lá, com as técnicas
de produção aprendidas no Brasil, desenvolveram a lavoura
canavieira.
Em poucos anos, o Brasil perdeu sua posição de primeiro
produtor mundial. Os senhores de engenho empobreceram


Referência Bibliográfica

Economia brasileira / Antônio Corrêa de Lacerda... [et al.]; organizadores José Márcio Rego, Rosa Maria Marques; colaboração
especial Rodrigo Antonio Moreno Serra. — 4.ed. — São Paulo :
Saraiva, 2010

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