sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

MAPA DA VIOLÊNCIA DE QUIRINÓPOLIS: CONSIDERAÇÕES ACERCA DA INCIDÊNCIA DOS CRIMES DE HOMICÍDIO EM QUIRINÓPOLIS (GO), DE 2013 A 2017


Artigo elaborado por Leon Alves Corrêa, com colaboração de Carlos Henrique Alarcão Maia (aluno do Curso de Formação de Políciais Militares de Goiás, 2018)

RESUMO
O presente estudo diagnosticou os crimes de homicídios na cidade Quirinópolis, ocorridos no período de 2013 a 2017. Para tal, buscou-se apresentar enfoques de autores diversos com ênfase no conceito de crime pelos prismas jurídico e social. Os dados apresentados foram levantados junto a Assessoria de Imprensa da Núcleo de Estatística e Análise Criminal da 8ª Região Integrada de Segurança Pública de Goiás (NEAC08RISP) e as Polícias civil e militar. O estudo teve como objetivo evidenciar os crimes de homicídios que vitimaram jovens na faixa etária de 18 a 24 anos. Como objetivos específicos, levantou-se os homicídios, considerando-se as variáveis sexo e raça-cor e ainda a elaboração de um mapa com a incidência dos homicídios a partir dos bairros da cidade de Quirinópolis. No que refere-se a metodologia, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e documental. Os resultados e discussões apontaram que no período de 2013 a 2014 foram registrados 131 crimes de homicídios, dentre os quais 53 tiveram como vitimas jovens na faixa etária de 18 a 24 anos. Nota-se ainda que os números de crime de homicídios podem ser em muito elevados se for considerado a mortalidade daquelas vitimas de tentativas de homicídio que vieram a perder as suas vidas logo após as respectivas tentativas de homicídios. Diante da finalização do estudo, enfatiza-se a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas para prevenção da criminalidade, sobretudo ações ou projetos voltados para jovens entre 18 a 24 anos e a ênfase em programas de segurança pública. Paravras-chave: violência; crime; homicídio; sociedade.

ABSTRACT
The present study made a study about the crimes of homicides in the city of Quirinópolis, which occurred in the period from 2013 to 2017. For this purpose, we sought to present approaches by several authors with emphasis on the concept of crime by legal and social premiums, the data presented were together with the Press Office of the Center for Statistics and Criminal Analysis of the 8th Integrated Region of Public Security of Goiás (NEAC08RISP) and the civil and military police. The study aimed to highlight the crimes of homicides that victimized young people in the age group of 18 to 24 years. As specific objectives, the homicides were raised, considering the variables sex and race-color and also the elaboration of a map with the incidence of the homicides from the districts of the city of Quirinópolis. As far as the methodology is concerned, the research is characterized as bibliographical and documentary. The results and discussions pointed out that in the period from 2013 to 2014, 131 homicide crimes were recorded, of which 53 were young people aged 18 to 24 years. It is also noted that homicide crime figures can be very high if one considers the mortality of those victims of attempted homicides who have lost their lives shortly after their attempted homicides. Faced with the completion of the study, emphasis is placed on the need to implement public policies aimed at crime prevention, especially actions or projects aimed at young people between the ages of 18 and 24 and the emphasis on public safety programs. Key-words: violence; crime; murder; society.

INTRODUÇÃO
Este artigo tem como propósito investigar o fenômeno da criminalidade, com ênfase nos homicídios sofridos por jovens de 18 a 24 anos do Sexo masculino na cidade de Quirinópolis (GO) no período de 2013 a 2017. Inicialmente o artigo procurou apresentar, opiniões de diversos autores sobre o conceito de crime de maneira abrangente, procurando ainda tecer algumas considerações acerca de suas causas e consequências. Como o foco do trabalho é homicídio, será apresentado também a sua tipificação de acordo com o código penal brasileiro em vigência na atualidade. Justifica-se o presente trabalho, sobretudo pela escalada da violência em praticamente todas as regiões do país, fenômeno que tem se tornado protagonista na grande maioria dos noticiários dos grandes veículos de comunicação do Brasil. Como problemática este artigo propõe responder a seguinte questão: “O homicídio entre jovens, é o maior desafio para a segurança pública de Quirinópolis?”. Como hipóteses para a resposta do problema, podemos elencar, o aumento do crime organizado em Quirinópolis, baixa presença policial (viaturas) e sobretudo a legislação brasileira, no que tange o estatuto da criança e do adolescente que protege sobretudo os jovens até a idade de 18 anos. O objetivo do artigo é analisar a magnitude dos crimes de homicídios praticados e sofridos entre jovens de 18 a 24 anos, como objetivos específicos ainda pretende-se descrever as características dos praticantes e das vítimas dos homicídios e os locais (bairros e vilas) onde foram praticados, um outro fator que pretende-se estudar em caráter específico, são os limites e dificuldades em indiciar os motivos dos homicídios, levando assim a chamada impunidade. Quanto a metodologia, a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e documental. Com o intuito de aprofundar a discussão acerca do tema, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca dos conceitos de crime com pormenorização ao “crime de homicídio”, se atentando para diversos enfoque acerca desse conceito, com destaque para os enfoques material, formal e analítico. A pesquisa bibliográfica reforçou a temática em questão, por meio das discussões de crime relacionadas à psicanalise e à teoria social. No que diz respeito ao levantamento de dados, o trabalho foi dividido em quatro etapas, sendo que na primeira foi feita uma pesquisa documental, utilizando-se da base de dados da Assessoria de Imprensa da Núcleo de Estatística e Análise Criminal da 8ª Região Integrada de Segurança Pública de Goiás (NEAC08RISP), acerca da incidência dos crimes de homicídios ocorridos nos limites do perímetro urbano da cidade de Quirinópolis no período de 2013 a 2017, lembrando que além de detectar os crimes de homicídios serão levantados ainda as ocorrências sobre ameaça e lesão corporal. Em uma segunda etapa os dados coletados na etapa anterior foram tratados de modo a permitir uma análise das vítimas de homicídio a partir da idade, do Sexo, raça/cor. Na terceira etapa, foram considerados os locais de incidência dos homicídios de acordo com os bairros e vilas de Quirinópolis. Na última etapa foi feito um cruzamento das variáveis sistematizadas associadas ao número de homicídios verificados em cada bairro e seguida foi feito um mapeamento com os respectivos registros em cada bairro. Devido as grandes dificuldades em se obter dados em relação aos praticantes dos homicídios, sobretudo por conta de se tratar de informações que necessariamente deveriam intervir nos inquéritos criminais, envolvendo Polícia Civil e Justiça Penal, a pesquisa ficou restrita a apresentação do número de vítimas dos homicídios para o referido período. No que diz respeito a escolha das variáveis, idade, Sexo e raça/cor, se deu sobretudo pela importância de estabelecer relações entre as questões espaciais, sociais e econômicas, onde diversos autores sugerem percepções acerca das taxas dos crimes de homicídios associadas especialmente às condições sociais, tanto dos criminosos quanto das vítimas, sendo assim, nas cidades de portes parecidos com Quirinópolis, fatores de diferenciação socioespacial acabam permeando as relações capitalistas que se materializam nos espaços geográficos. Ressalta-se ainda que para o alcance dos dados primários, foi utilizada a base de dados da plataforma @cidades do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e da Assessoria de Imprensa da Núcleo de Estatística e Análise Criminal da 8ª Região Integrada de Segurança Pública de Goiás (NEAC08RISP), que também foi utilizada para a elaboração do mapeamento, onde se associa a quantidade de homicídios, ameaça e lesão corporal com bairros onde os mesmos o foram ocorridos na cidade de Quirinópolis. Reforça-se ainda que a pesquisa utilizou-se do método dedutivo, uma vez que partiu do geral “conceitos de crime de homicídio” para o particular “incidência dos crimes de homicídio entre jovens de 18 a 25 anos em Quirinópolis (GO) de 2013 a 2017”. Quanto aos objetivos, a pesquisa se enquadrou como exploratória, descritiva e explicativa, sendo que se propôs maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito, facilitando a formulação de hipóteses, outro aspecto que reforçou o seu caráter descritivo e explicativo, foi se propor ao estudo de características especificas de um determinado grupo, ou seja a sua distribuição por idade, Sexo e raça/cor. Espera-se ao término deste trabalho, que os estudos acerca da magnitude dos crimes de homicídios em Quirinópolis, possa suscitar, tanto nos poderes constituídos, bem como na sociedade como um todo, a criação e execução de políticas públicas que consigam atenuar este que é um dos grandes males da sociedade brasileira na atualidade.

Um Retrato da Violência em Quirinópolis
Sendo a Cidade de Quirinópolis, o campo de estudo deste trabalho, antes de apresentar os resultados e discussões, será feito uma descrição e caracterização da mesma. Quirinópolis, é uma cidade que está localizada na mesorregião sudoeste e microrregião de mesmo do Estado de Goiás. De acordo com o IBGE possui uma população estimada em 2018 de 48.508 habitantes (@cidades IBGE, 2018). Dessa forma, entende-se que a delimitação espacial deste trabalho compreende o território caracterizado pelas fronteiras do município de Quirinópolis. De acordo com Milton Santos, entende-se por território como o espaço geográfico materialmente utilizado pelo homem, e configuração territorial como o uso historicamente e socialmente definido como recurso e base para a vida humana (SANTOS, 2004. P. 14). A divisão territorial de uma cidade, conforme o IBGE, pode ser dividida em Setores, Bairros ou Vilas, sendo que neste trabalho foram detalhados os locais na cidade de Quirinópolis onde os homicídios foram consumados. Frente a esse contexto, o presente estudo objetivou conhecer alguns aspectos das expressões da violência, sobretudo a caracterizada como homicídio em Quirinópolis. Constituíram como objetivos específicos descrever as características das vítimas dos homicídios (idade, Sexo e raça/cor) e os locais (bairros e vilas) onde foram consumados, um outro fator que pretende-se estudar em caráter específico, são os limites e dificuldades em indiciar os motivos dos homicídios, levando assim a chamada impunidade. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental. Nesse contexto, o estudo foi realizado em quatro etapas, primeiramente foram coletados dados junto às polícias civil e militar. Inicialmente estava previsto uma coleta no sistema prisional e outras instâncias envolvidas na segurança pública de Quirinópolis, mas devido a dificuldade em se obter dados dessas fontes, a pesquisa então se restringiu aos dados coletados junto a Assessoria de Imprensa da Núcleo de Estatística e Análise Criminal da 8ª Região Integrada de Segurança Pública de Goiás (NEAC08RISP), as Polícias civil e militar. Na segunda etapa da pesquisa, enfatizou-se a busca pelos dados referentes aos crimes contra a pessoa na cidade de Quirinópolis. De acordo com o que foi apresentado na fundamentação teórica desse estudo, os crimes cometidos contra a pessoa estão inseridos no Grupo Código Penal, e pode ser caracterizados como: Simples Homicídio (Art 121, caput), Homicídio com Qualificação (Art. 121, Parágrafo 2º) e por último Agressão/Lesão Corporal (Art. 129). Diante desse contexto, nessa segunda etapa foram levantado e tabulados os dados coletados junto a Polícia Civil que os crimes mais recorrentes em Quirinópolis contra a pessoa são: homicídio (tentado e consumado), lesão corporal, ameaça, estupro e sequestro. Como proposto nos objetivos específicos e metodologia, na terceira etapa foi feita uma correlação entre os crimes praticados e os bairros e vilas de Quirinópolis onde os mesmos foram constatados, como será mostrado no tópico resultados e discussões. Na última etapa, foi feito um cruzamento entre os dados de homicídios tabulados e os bairros/vilas onde são mais incidentes, sendo elaborado a seguir um mapeamento com vistas a destacar tal informação. A escalada da criminalidade e da violência tem tomado proporções insuportáveis nos últimos anos, seja no Brasil, em Goiás ou em Quirinópolis. Esse ponto de vista, pode ser reforçado a partir da percepção dos dados disponíveis pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), onde aponta que em média nos primeiros dois anos da década de 1990 onde indicava uma população de aproximadamente 150 milhões de habitantes, sendo que quase 115 mil pessoas estavam em ambiente prisional. Essa estatística demonstra que para cada grupo de 100 mil habitantes, aproximadamente 73 estavam presos. Se for observado apenas os dados das pessoas encarceradas para cada 100 mil habitantes nos últimos 20 anos, em 2002 essa relação evoluiu para 146,5 para cada 100 mil pessoas e em 2013 esse número já alcança a casa de 265,5 por cada 100 mil habitantes. Pode-se mencionar ainda, que de acordo com dados da Comissão Nacional de Justiça (CNJ), a população carcerária do Brasil só é superada pelos Estados Unidos e China, sendo o terceiro país com maior população reclusa em todo o planeta. Caso a análise do aumento dos índices de criminalidade tenha como foco o Estado de Goiás, essa realidade também se evidencia. Quanto a Quirinópolis, serão apresentados dados a seguir detalhando o perfil dessa criminalidade com destaque para os homicídios sofridos por jovens de 18 a 24 anos. De acordo com dados da Assessoria de Imprensa da Núcleo de Estatística e Análise Criminal da 8ª Região Integrada de Segurança Pública de Goiás (NEAC08RISP), os crimes mais recorrentes são: ameaça, furto, lesão corporal, homicídios tentados e consumados, conforme pode ser observado na Tabela abaixo.

Tipos de crimes cometidos

Analisando o quadro anterior, pode-se constatar que dos crimes cometidos contra a pessoa, o de maior incidência em Quirinópolis é a Ameaça (Art. 147 do Código Penal) com 326 casos no período de 2013 a 2017, seguido por Lesão Corporal (Art. 147 do Código Penal) com 254 casos, Tentativas de Homicídio com 180 casos e Homicídios constatados com 131 casos (Art. 121 do Código Penal). A seguir será apresentado um comparativo da evolução da taxa de homicídio de Quirinópolis, com o Estado de Goiás e o Brasil a partir da relação para cada grupo de 100 mil habitantes.
Taxa de Homicídios por 100 mil pessoas
Observa-se no gráfico anterior que as taxas verificadas no município de Quirinópolis apresentam-se bem acima da média do Estado de Goiás e do Brasil, a única ressalva é quanto ao ano de 2016 que foi registrada uma taxa de 40,5 em Quirinópolis e 46,6 em Goiás. Como o estudo tem como foco a análise dos homicídios contatados, a seguir serão analisados os dados totais dos homicídios no período de 2013 a 2017 quanto a idade, Sexo e raça-cor das vítimas.

Homicídios quanto ao sexo
É notável no gráfico anterior que a esmagadora maioria de vítimas do Sexo masculino, sendo que dos 131 homicídios consumados no período de 2013 a 2017 em Quirinópolis, 92% ou 120 vítimas foram do Sexo masculino. Observa-se que de acordo com o gráfico 2 que foram assassinadas 11 mulheres no mesmo período.
De acordo com o gráfico 3, percebe-se que 62% dos homicídios foram sofridos por pessoas pardas, em seguida Brancas com 25% e Negras com 13%. Neste gráfico pode-se relacionar outro aspecto do perfil das vitimas, que é o grupo de maior risco vulnerabilidade com base no perfil sócio econômico. De acordo com dados da publicação Atlas da Violência no Brasil de 2017, a população parda é a que apresenta maior vulnerabilidade social. Essa publicação aponta que de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras ou pardas, (IPEA, Atlas da Violência, 2017, p.30). Cerqueira e Coelho (2017), ainda reforça que a com base em análises econométricas onde se utilizam microdados do Censo Demográfico do IBGE e do SIM/MS, mostraram que a tragédia que acomete a população negra não se limita às causas socioeconômicas. Estes mesmo autores analisam que os cidadãos negros ou pardos possuem chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação a cidadãos de outras raças/cores, já descontado o efeito da idade, Sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.

Homicídios quanto a Faixa Etária
De acordo com Gráfico 4, observa-se que 43% dos homicídios, foram sofridos por pessoas com idade entre 18 a 24 anos, seguida pelas pessoas de 25 a 29 anos com 18% e de 30 a 34 anos com 16%. Verificou-se ainda que 10% dos homicídios sofridos, tiveram como vítimas pessoas menores de 18 anos. A partir da figura anterior, destaca-se de maneira relevante os resultados do estudo de modo a atender o seu principal objetivo, a magnitude dos crimes sofridos pelas pessoas entre a faixa etária dos 18 aos 25 anos. Reitera-se ainda, a partir dos dados apresentados no gráfico 2, a constatação da problemática deste estudo “a criminalidade e violência sofrida pelos jovens da faixa etária dos 18 aos 25 anos”. Dessa forma, reforça ainda a o jargão “juventude perdida”. De acordo a publicação do IPEA, Mapa da Violência no Brasil de 2017, desde 1980 está em curso no país um processo gradativo de vitimização letal da juventude, em que os mortos são jovens cada vez mais jovens (IPEA, 2017, p. 25). No mapa a seguir serão destacados os locais na cidade de Quirinópolis, onde os homicídios foram consumados, atendendo assim o último item apresentado nos objetivos específicos desse estudo.

Observando o mapa anterior, verifica-se os locais de incidência dos homicídios de acordo como o bairro/setor onde foram consumados. De acordo com a Superintendência de Habitação e Moradia da Prefeitura de Quirinópolis e o Conselho de Segurança de Quirinópolis, os bairros localizados na região sudoeste da cidade são notadamente os mais violentos, apresentando o maior número absoluto de homicídios, Alvorada (16), Centro (13), Municipal (11), Flamboyant (10), Tonico Bento (9) e Zona Rural (9). Observa-se ainda que foram registrados homicídios em praticamente todos os bairros de Quirinópolis. Outro aspecto que chama a atenção e que reforça a discussão apresentada nesse referencial teórico é a relação entre a criminalidade e os índices de pobreza, onde vários os autores evidenciam as causas dessa trágica escalada da violência e da criminalidade aos altos índices de desemprego e crescente empobrecimento da população em geral. Nesse contexto, de acordo com dados da Secretaria de Assistência Social e Promoção Humana da Prefeitura de Quirinópolis, os bairros da região sudoeste, Alvorada, Flamboyant, Alphaville, Rio das Pedras e Vila Esmeralda são considerados os de maior população carente da cidade, com grande número de famílias com renda inferior a um Salário Mínimo mensais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo investigou a incidência dos crimes de homicídios entre jovens de 18 a 24 anos do sexo masculino, ocorridos em Quirinópolis, GO no período de 2013 a 2017. Na tentativa de responder a questão proposta, onde destacava ser o homicídio entre jovens o maior desafio da segurança pública em Quirinópolis, foram apresentados resultados estatísticos de vários tipos de crime, dentre eles, ameaça, lesão corporal, tentativa de homicídio e homicídios constatados. Quanto as hipóteses levantadas para a resposta do problema, que inicialmente apontava para o aumento do crime organizado em Quirinópolis e a baixa presença policial (viaturas), as dificuldades para acesso aos inquéritos policiais, inviabilizaram tais constatações. Em contrapartida o estudo reiterou a maior incidência de homicídios entre de 18 a 24 anos, pelo que se pode comprovar por meio dos 43% dos homicídios sofridos no período foram de jovens que se enquadram nesse parâmetro. Outro resultado apontado foi a esmagadora presença do sexo masculino entre as vítimas, totalizando 92% do total, no tocante as características de raça/cor, verificou-se que 75% das vítimas eram negras ou pardas. Quanto as características dos praticantes dos homicídios, novamente a falta de acesso aos inquéritos policiais, impediram o alcance de tal informação. Outro aspecto que deve ser ressaltado é que o número absoluto de homicídios podem ser bem maiores, uma vez que os número apresentados neste estudo, refere-se exclusivamente aos óbitos registrados nos respectivos boletins de ocorrências dos crimes de homicídios consumados. Isso porque o número de pessoas que podem vir a óbito a partir das tentativas de homicídio podem engrossar em muito essa terrível estatística. O estudo apontou que no período totalizaram 131 homicídios constatados e 180 tentados. Quanto a distribuição espacial dos homicídios nos bairros de Quirinópolis, constatou-se que houve incidência em praticamente todos os setores da cidade, muito embora nos bairros da região sudoeste se verificou o maior número de vítimas em termos absolutos. Por meio desse estudo, reforça a ideia da maioria dos autores citados, que a violência é um fenômeno sócio histórico, que afeta diretamente a vida das vítimas, famílias e profissionais envolvidos com a saúde e segurança de Quirinópolis. Dessa forma, por meio dos resultados do estudo, enfatiza-se a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas para prevenção da criminalidade, sobretudo ações ou projetos voltados para jovens entre 18 a 24 anos e a ênfase em programas de segurança pública, que possam articular as polícias militar e civil e ainda outros órgãos e instituições públicas e privadas que tenham influência direta e indireta com as questões de criminalidade e violência em Quirinópolis. Sendo assim, foi pretensão deste estudo estimular o diálogo entre os crimes de homicídio em Quirinópolis e a segurança pública, para que assim se possa contribuir para a ampliação e aperfeiçoamento das ações com vistas a diminuição deste que é um dos problemas que assolam não só a cidade em questão, mas o estado e sobretudo o Brasil.
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