segunda-feira, 26 de março de 2018

A Era Vargas


A Revolução de 1930
Movimento político-militar que derrubou o presidente Washington Luis e impediu a posse do novo presidente eleito Júlio Prestes. O principal efeito da revolução foi a derrubada do grupo até então hegemônico no país, a oligarquia cafeeira paulista.
Populismo • A década de 30 foi marcada pela condução do governo, por parte de Getúlio Vargas, sobre um equilíbrio instável entre os grupos que o apoiavam • Os compromissos básicos sobre os quais se assentava os governos da fase populista eram: a) Não alterar a situação política e fundiária do campo. b) Trazer para a base de sustentação do governo as massas urbanas sem radicalização • hegemonia urbano-industrial (em oposição ao modelo agrário-exportador)
A Quebra da Bolsa e a Grande Depressão As economias capitalistas parecem ser intrinsecamente instáveis. De acordo com a teoria dos ciclos econômicos, períodos de expansão dos investimentos, da produção e do consumo intercalam-se com períodos em que essas mesmas variáveis se contraem. O intervalo entre uma expansão e uma crise costuma variar entre sete e dez anos. Existem registros de várias crises econômicas ao longo da história do capitalismo. A Primeira Grande Depressão ocorreu entre 1873 e 1896; a Segunda Grande Depressão, que normalmente as pessoas chamam apenas de Grande Depressão, ocorreu entre 1929 e 1933. A crise de 1930 começou com a formação de uma “bolha especulativa” no mercado de ações. Bolha especulativa é um termo muito utilizado por analistas de mercados financeiros. O crash ocorrido na bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929, é, sem dúvida, a bolha especulativa mais famosa da história. Vejamos como tudo aconteceu.   A economia norte-americana apresentava uma forte expansão na década de 1920, em consequência houve um substancial aumento dos lucros das empresas daquele país. Logicamente, todos queriam aproveitar esse momento favorável e lucrar também, por isso muitos resolveram comprar ações. O crescimento brutal da demanda fez aumentar os preços desses ativos, formou-se, então, uma bolha. Em um determinado momento, várias pessoas perceberam que os preços estavam exageradamente elevados e resolveram sair do mercado. Essa saída, entretanto, não se deu de forma suave, muito pelo contrário, foi uma corrida para vender rapidamente os papéis antes que desvalorizassem. Os profissionais de mercado costumam chamar esse fenômeno de “efeito manada”. Como consequência, os preços desabaram e a bolha estourou. A quebra da bolsa foi o estopim de uma grande crise que afetou praticamente todos os países do mundo, exceto a União Soviética. Somente nos Estados Unidos, a crise gerou 85 mil falências e 15 milhões de desempregados. O comércio internacional também foi bastante afetado com a crise. Estima se que a sua redução tenha sido de dois terços nessa mesma época. Uma das maiores influencias da quebra da Bolsa de Nova Iorque no Brasil foi o Processo de Substituição de Importações que inicialmente foi conduzido por medidas a partir da Era Vargas.
Era Vargas A ascensão de Getúlio Vargas à presidência do país em 1930 ocorreu devido à cisão política entre as oligarquias estaduais. Nas eleições para a presidência da República em 1930 concorriam o candidato situacionista de São Paulo, Júlio Prestes, e o então presidente da oligarquia dissidente do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas. Foi declarado oficialmente vitorioso no pleito eleitoral o candidato paulista Júlio Prestes que também era apoiado pelo então presidente da República Washington Luís. A Aliança Liberal que impulsionava a candidatura de Getúlio Vargas reclamava o resultado das eleições, considerado fraudulento. Apesar disso, a princípio a Aliança Liberal não exigiu que Getúlio Vargas se tornasse presidente. Essa exigência somente foi feita com o atentado e assassinato do candidato à vice-presidência João Pessoa, em 26 de julho de 1930. A concentração da influência política em Getúlio Vargas iniciou-se já na organização da Aliança Liberal. Getúlio Vargas mediava com destreza a diversidade de forças políticas presentes nessa aliança que era composta até mesmo por forças opostas como os antigos próceres da Primeira República e por lideranças do movimento tenentista. A Aliança Liberal corria o risco de dissolução antes mesmo de cumprir as reformas nas instituições republicanas a que se propunha. Dentre essas reformas estavam a instalação de uma indústria básica, a centralização do poder e a unificação dos Estados federados.
Governo Provisório (1930-1934) O Governo Provisório caracterizou-se pelo início no processo de centralização do poder, pela eliminação dos órgãos legislativos (federal, estadual e municipal) e pela criação de novos ministérios (Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde). Após a Revolta Paulista de 1932, Getúlio apresentou a nova Carta Magna em 1934, na qual sancionou importantes atributos políticos, como o voto secreto e o voto feminino.
Governo Constitucional (1934-1937)
O Governo Constitucional é marcado por uma série de revoltas dentro de instituições militares, atribuídas aos comunistas, levando Getúlio a proclamar, em 1937, outra tentativa de golpe comunista, conhecida como Plano Cohen, onde é “forjada” uma Intentona Comunista, considerada a revolta derradeira contra o Governo. Isso motivou o Presidente a anular a constituição de 1934 e dissolver o Poder Legislativo. Note que essa é uma justificativa para declarar estado de sítio e inaugurar o chamado Estado Novo.
Estado Novo (1937-1945) O Estado Novo é considerado o período mais repressivo e ditatorial da Era Vargas, quando é proclamada uma nova constituição em 1937, na qual se institui o "Estado Novo" e suprimi a liberdade partidária, a independência entre os três poderes e o Federalismo. Ademais, a partir de novembro de 1937, Vargas impôs a censura aos meios de comunicação como um modo de fiscalizar os meios de comunicação e impedir a mídia de divulgar uma imagem negativa do governo. No plano econômico, adotou medidas de nacionalização, bem como levou a cabo sua política trabalhista com a concepção da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). No âmbito legislativo, estabeleceu o Código Penal e o Código de Processo Penal. No dia 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto por um golpe militar, sendo conduzido ao exílio na sua cidade natal, São Borja. Porém, em 1951, retornaria à Presidência pelo voto popular, quando lança as bases para criação da Petrobras. Vargas suicidou-se no Palácio do Catete em agosto de 1954, com um tiro no peito e os dizeres: "Deixo a vida para entrar na História".   Curiosidades sobre a Era Vargas • A Revolução Constitucionalista de 1932 fora uma revolta criada pela elite do PRP (Partido Republicano Paulista) na qual, devido ao descontentamento e apoio de diversos setores da sociedade paulista, iniciou-se um processo armado contra o Estado. • São frutos da Era Vargas: a Constituição de 1934, a criação da Justiça do Trabalho (1939), instituição do salário mínimo, concretização das Leis do Trabalho (CLT) e da carteira profissional, com semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas. A participação do Estado na Economia e o Processo de Substituição de Importações (PSI)
O Estado Novo, ultimo período da Era Vargas se destacou na história econômica do Brasil por iniciar um sistemático processo de industrialização do país, baseado na forte intervençãoeconômica do Estado na economia e na substituição de importações. A centralização do poder estatal no período permitiu que houvesse uma grande quantidade de investimento na industrialização, que seria lenta caso se baseasse apenas nos capitais privados da burguesia brasileira. Dessa forma, o Estado Novo era a única instituição capaz de proporcionar a acumulação capitalista no Brasil, necessária ao arranque industrial conseguido com a centralização da política econômica através do planejamento e coordenação nacional de sua execução. O modelo adotado se espelhava na organização econômica dos países de orientação nazifascista e na URSS, apesar de neste caso não ter ocorrido no Brasil a abolição da propriedade privada. Era notória a admiração de altas autoridades do Estado Novo, como o próprio Vargas e Francisco Campos, pelos avanços econômicos da Alemanha e da URSS. Além do mais, a resolução dos conflitos entre as classes sociais se estruturava de modo semelhante ao corporativismo fascista italiano, com o Estado arbitrando esses conflitos através da institucionalização dos sindicatos de trabalhadores e das associações empresariais. O objetivo dessa estrutura era resolver os conflitos sociais para se alcançar uma pretensa harmonia social. Na prática foram criados no Estado Novo alguns institutos de ramos econômicos, como o Instituto do Café, o Instituto do Açúcar e do Álcool, entre outros, além de órgãos de coordenação como a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (1937), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1938), o Conselho Nacional do Petróleo (1938), a Comissão de Planejamento Econômico (1944) etc., sistematizando com essas divisões a execução e planejamento da política econômica. Para criar as condições gerais de produção do processo de industrialização, o Estado Novo investiu grandes somas de capitais em empresas estatais nos setores de: siderurgia (Cia. Siderúrgica Nacional, Volta Redonda/RJ, 1940); mineração (Cia. Vale do Rio Doce, MG, 1942); mecânica pesada (Fábrica Nacional de Motores, RJ, 1943); química (Fábrica Nacional de Álcalis, Cabo Frio/RJ, 1943) e hidrelétrica (Cia Hidrelétrica do Vale do Rio São Francisco, 1945). O objetivo, nesses setores, era fazer os investimentos de capitais que a burguesia era incapaz de realizar, mas que eram de suma importância para o processo de industrialização, por criar condições de funcionamento a inúmeras empresas industriais, que necessitavam de energia elétrica, transformação de metais, elementos químicos, entre outros, para a continuação de suas atividades produtivas. Todas essas mudanças só foram possíveis graças ao que se chamou de Processo de Substituição de Importações. As Características do PSI É uma industrialização fechada pois: • É voltada para dentro, visa o atendimento do mercado interno. • Depende de medidas que protegem a industria nacional. • Desvalorização cambial • taxas múltiplas de cambio • tarifas aduaneiras O PSI: a seqüência lógica 1) Início com um estrangulamento externo gerando escassez de divisas; 2) o governo tenta controlar a crise por meio de medidas que dificultam as importações e acabam por proteger a indústria nacional; 3) gera-se uma onda de investimentos nos setores substituidores de importação, aumentando a renda nacional e a demanda agregada; 4) novo estrangulamento externo em função do próprio crescimento da demanda (volta a 1) Outras Características do PSI • O motor do PSI é o estrangulamento externo. • É uma industrialização por etapas: o apesar de ao final se buscar uma indústria completa, a industrialização se faz por partes (rodadas) o a pauta de importações ditava a sequência dos setores objeto dos investimentos industriais Análise departamental, Expansão Industrial e Mercado Interno Com a crise de 1929, houve redução na capacidade de importar do país. Como resultado, fomos obrigados a substituir importações e expandir a produção industrial. Mais precisamente, essa expansão entre 1929 e 1937 foi de 50%. Pela primeira vez na nossa história, o mercado consumidor interno passou a ser um fator preponderante na dinâmica da economia nacional. Convém ressaltar, no entanto, que o processo de substituição de importações continha certos limites e contradições. Por exemplo, ao substituir importações, gerava-se, simultaneamente, necessidade de novas importações. Vejamos como isso acontecia. A primeira indústria a ser implantada no Brasil, pela sua complexidade inferior, foi a de bens de consumo não duráveis, como têxteis, chapéus, círios, cigarros, cerveja etc. Todavia, essa indústria gerava uma demanda, até então inexistente, por bens de capital (máquinas e equipamentos) e bens intermediários (matéria-prima), que não eram produzidos no país e que, por isso, teriam de ser importados. Um outro problema dessa primeira etapa da industrialização por substituição de importações estava na sua incapacidade de acumular capital autonomamente. Para ampliar a capacidade de produção, o país dependia da importação de bens de capital do exterior, ou seja, havia, no Brasil, um problema de “industrialização restringida”, que só seria resolvido após a implementação do Plano de Metas, durante o governo do Presidente Juscelino Kubitschek, na década de 1950. O Brasil não tinha como expandir sua capacidade produtiva, pois não dispunha de uma indústria de bens de capital. Da mesma forma, houve, também, durante a crise de 1930, um aumento da produção industrial, mas desta vez acompanhada de um aumento da capacidade produtiva. O país ainda não possuía uma indústria de bens de capital, porém, com as falências geradas pela Grande Depressão, foi possível comprar máquinas usadas no exterior por preços relativamente baixos, ou seja, nos dois casos, o país não tinha autonomia no processo de acumulação de capital. Referência Bibliográfica Economia brasileira / Antônio Corrêa de Lacerda... [et al.]; organizadores José Márcio Rego, Rosa Maria Marques; colaboração especial Rodrigo Antonio Moreno Serra. — 4.ed. — São Paulo, Saraiva, 201

Eduardo Aparecido vence na PBR 2018 em Glendale, Califórnia.



GLENDALE, Arizona - O nosso Eduardo Aparecido, de Gouvelândia-GO, venceu o 25º PBR: Liberte a Fera, Ak-Chin Invitational, com uma performance de 3 para 3 no evento de dois dias que terminou no sábado.
Eduardinho marcou 90,75 pontos no Stunt Man Ray na rodada do campeonato do Professional Bull Riders. Ele é agora o quinto na classificação mundial depois de ganhar 590 pontos. Ele ganhou $ 38.700 e agora ganhou $ 90.711,66 no ano.

Antes que pudéssemos coroar um campeão de 2018 Ak-Chin Invitational, ainda tínhamos alguns negócios inacabados para resolver no chão da arena, já que a rodada do campeonato estava marcada para acontecer e, finalmente, determinar quem iria sair com esse título. Ao contrário de outras rodadas de campeonato que vimos até agora este ano, a rodada desta noite tornaria a vida um pouco mais fácil para cada um dos quinze caubóis convidados desde que assistimos aos melhores touros do negócio na noite passada na Batalha de Bucking 15/15. Dessa forma, as coisas ainda seriam fáceis para aqueles que disputassem o título do evento que nos traria para a tão esperada pausa na Páscoa que dará a todos esses atletas, humanos e bovinos, uma chance de tirar um tempo para cure-se e mime-se enquanto passa algum tempo de qualidade com as suas famílias! Quando começamos com a costumeira caminhada no topo do Bretes, no centro da arena, foi realizado o sorteio do campeonato que reunia os últimos pares do fim de semana para ver quem iria sair como campeão do evento. Uma vez que as coisas começaram a se desdobrar, era aparente que estar mais alto no draft definitivamente teria suas vantagens, aqui neste fim de semana, especialmente quando os últimos caras com as picks caíram no caminho um por um rapidamente. Dito isto, havia alguns que poderiam celebrar no meio do chão da arena fazendo corridas qualificadas para completar o fim de semana. Ao todo, haveria ix que seria capaz de fazer isso com Eduardo Aparecido fazendo uma volta de 90,25 pontos, levando para casa a vitória e os 100 pontos que o acompanhariam na noite de sábado em Glendale, Arizona! Agora ele é o quinto colocado no ranking mundial.
O Pódio da PBR 2018 é cada Vez mais verde-amarelo
Os cowboys brasileiros possuem ampla dominância nas primeira posições da PBR 2018 fonte: https://www.facebook.com/pbrbrazil/posts/2056958407665339:0

sábado, 17 de março de 2018

Derrubada a Resolução 726/2018 que tornava obrigatória a realização e aprovação em Curso de Aperfeiçoamento para renovação da Carteira Nacional de Habilitação


O Ministro das Cidades, o goiano, Alexandre Baldy, informou na noite deste sábado (17) que a norma que mudava as regras para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) será revogada. De acordo com a resolução 726/2018, que entraria em vigor no próximo dia 5 de junho, os motoristas que fossem renovar a CNH precisariam fazer um curso teórico e uma prova, além do exame médico.
Íntegra da nota do Ministério das Cidades
Leia abaixo a íntegra da nota:
Nota de esclarecimento:
Ministério das Cidades revoga resolução qu e altera procedimentos para Renovação da CNH Por determinação do ministro das Cidades, Alexandre Baldy, o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Maurício Alves, revoga a resolução 726/2018 que torna obrigatória a realização e aprovação em Curso de Aperfeiçoamento para renovação da Carteira Nacional de Habilitação. A diretriz da atual gestão da Pasta tem por objetivo implementar ações e legislações que atendam às expectativas da população, no sentido de simplificar a rotina e levar conforto e praticidade a seu dia a dia. Esta ação acontece em conformidade com os objetivos do Governo Federal, de reduzir custos e facilitar a vida do brasileiro. Esclarecemos que a medida é tomada com todo respeito ao trabalho da Câmara Temática de Educação, Habilitação e Formação de Condutores, ao trabalho realizado pelo Contran e todos os profissionais envolvidos. Neste sentido, informa-se que os técnicos do Denatran, do Ministério das Cidades, seguirão na busca de alcançar o objetivo de promover a cada vez mais a segurança dos usuários de trânsito, mas sempre com absoluto foco na simplificação da vida dos brasileiros e na constante busca pela redução de custos de forma a não afetar a rotina dos condutores que precisam renovar suas carteiras de habilitação/CNHs por todo o Brasil. A revogação acontece no próximo dia útil. Alexandre Baldy Ministro das Cidades Segundo a Resolução os motoristas que realizassem deveriam passar por aulas específicas, de maior duração, a cada 5 anos. Segundo a resolução, “o Curso de Aperfeiçoamento para Renovação da CNH teria por objetivo precípuo atualizar as informações e os conhecimentos sobre as legislações de trânsito, considerando a circunstância das constantes e contínuas alterações, mantendo o condutor permanentemente ciente e consciente das determinações emanadas do legislador”. fonte: Ministério das Cidades, março de 2018

segunda-feira, 12 de março de 2018

Um olhar acerca dos imigrantes no Brasil

Um olhar acerca dos imigrantes no Brasil

A imigração propriamente dita verificou-se a partir de 1808, vésperas da independência, quando instalou-se um permanente fluxo de europeus para o Brasil, que se acentuou com a fundação da colônia de Nova Friburgo, na província do Rio de Janeiro, em 1818, e a de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em 1824. Dois mil suíços e mil alemães radicaram-se no Brasil nessa época, incentivados pela abertura dos portos às nações amigas. Outras tentativas de assentar irlandeses e alemães, especialmente no Nordeste, fracassaram completamente. Apesar de autorizada a concessão de terras a estrangeiros, o latifúndio impedia a implantação da pequena propriedade rural e a escravidão obstaculizava o trabalho livre assalariado. Na caracterização do processo de imigração no Brasil encontram-se três períodos que correspondem respectivamente ao auge, ao declínio e à extinção da escravidão. O primeiro período vai de 1808, quando era livre a importação de africanos, até 1850, quando decretou-se a proibição do tráfico. De 1850 a 1888, o segundo período é marcado por medidas progressivas de extinção da escravatura (Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários, alforrias e, finalmente, a Lei Áurea), em decorrência do que as correntes migratórias passaram a se dirigir para o Brasil, sobretudo para as áreas onde era menos importante o braço escravo. O terceiro período, que durou até meados do século XX, começou em 1888, quando, extinta a escravidão, o trabalho livre ganhou expressão social e a imigração cresceu notavelmente, de preferência para o Sul, mas também em São Paulo, onde até então a lavoura cafeeira se baseava no trabalho escravo. Após a abolição, em apenas dez anos (de 1890 a 1900) entraram no Brasil mais de 1,4 milhão de imigrantes, o dobro do número de entradas nos oitenta anos anteriores (1808-1888). Acentua-se também a diversificação por nacionalidades das correntes migratórias, fato que já ocorria nos últimos anos do período anterior. No século XX, o fluxo migratório apresentou irregularidades, em decorrência de fatores externos -- as duas guerras mundiais, a recuperação europeia no pós-guerra, a crise nipônica -- e, igualmente, devido a fatores internos. No começo do século XX, por exemplo, assinalou-se em São Paulo uma saída de imigrantes, sobretudo italianos, para a Argentina. Na mesma época verifica-se o início da imigração nipônica (japonesa), que alcançaria, em cinquenta anos, grande significação. No recenseamento de 1950, os japoneses constituíam a quarta colônia no Brasil em número de imigrantes, com 10,6% dos estrangeiros recenseados.
7.1 Distribuição do imigrante
Distinguem-se dois tipos de distribuição do imigrante no país, com efeitos nos processos de assimilação. Pode-se chamar o: • primeiro tipo de "concentração", em que os imigrantes se localizam em colônias, como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nesse caso, os imigrantes não mantêm contato, nos primeiros tempos, com os nacionais, mas a aproximação ocorre à medida que a colonização cresce e surge a necessidade de comercialização dos produtos da colônia. • O segundo tipo, que se pode chamar de "dispersão", ocorreu nas fazendas de café de São Paulo e nas cidades, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo. Nessas áreas, o imigrante, desde a chegada, mantinha-se em contato com a população nacional, o que facilitava sua assimilação. Os principais grupos de imigrantes no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que é natural, dada sua afinidade com a população brasileira. São os italianos, em seguida, o grupo que tem maior participação no processo migratório, com quase trinta por cento do total, concentrados, sobretudo no estado de São Paulo, onde se encontra a maior colônia italiana do país. Seguem-se os espanhóis, com mais de dez por cento, os alemães, com mais de cinco, e os japoneses, com quase cinco por cento do total de imigrantes.
7.2 Contribuição do imigrante
No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços, com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro. Outras colônias fundadas em vários pontos do Brasil ao longo do século XIX se transformaram em importantes centros urbanos. É o caso de Holambra SP, criada pelos holandeses; de Blumenau SC, estabelecida por imigrantes alemães liderados pelo médico Hermann Blumenau; e de Americana SP, originalmente formada por confederados emigrados do sul dos Estados Unidos em consequência da guerra de secessão. Imigrantes alemães se radicaram também em Minas Gerais, nos atuais municípios de Teófilo Otoni e Juiz de Fora, e no Espírito Santo, onde hoje é o município de Santa Teresa. Em todas as colônias, ressalta igualmente o papel desempenhado pelo imigrante como introdutor de técnicas e atividades que se difundiram em torno das colônias. Ao imigrante devem-se ainda outras contribuições em diferentes setores da atividade brasileira. Uma das mais significativas apresenta-se no processo de industrialização dos estados da região Sul do país, onde o artesanato rural nas colônias cresceu até transformar-se em pequena ou média indústria. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, imigrantes enriquecidos contribuíram com a aplicação de capitais nos setores produtivos. A contribuição dos portugueses merece destaque especial, pois sua presença constante assegurou a continuidade de valores que foram básicos na formação da cultura brasileira. Os franceses influíram nas artes, literatura, educação e nos hábitos sociais, além dos jogos hoje incorporados à lúdica infantil. Especialmente em São Paulo, é grande a influência dos italianos na arquitetura. A eles também se deve uma pronunciada influência na culinária e nos costumes, estes traduzidos por uma herança na área religiosa, musical e recreativa. Os alemães contribuíram na indústria com várias atividades e, na agricultura, trouxeram o cultivo do centeio e da alfafa. Os japoneses trouxeram a soja, bem como a cultura e o uso de legumes e verduras. Os libaneses e outros árabes divulgaram no Brasil sua rica culinária.
7.3 A Imigração Urbana
Se o principal foco de atração e fluxo imigratório no Brasil teve características explicitamente rurais, a imigração urbana não pode ser desconsiderada, pois tornou-se evidente, desde o início da imigração de massa, que o crescimento das cidades em todas as regiões do país interessadas no fenômeno imigratório estava ligado à vinda de população estrangeira. A imigração urbana foi basicamente de dois tipos: 1) indireta, como fluxo secundário de estrangeiros provenientes das áreas rurais onde se tinham fixado num primeiro momento; 2) direta, como fluxo primário de imigrantes que logo na entrada se fixavam nas áreas urbanas. A partir dos últimos anos do século XIX, a primeira começou a se realizar concomitantemente à segunda, aumentando progressiva e consideravelmente durante a primeira década do século XX. A imigração indireta foi sobretudo resultado do êxodo de imigrantes insatisfeitos com as condições de trabalho ou em excesso nas áreas rurais de latifúndios e, de forma menor, de estrangeiros dos núcleos coloniais rurais, por motivos semelhantes. A cidade proporcionava também oportunidades de ascensão social, e maiores possibilidades para a educação e a saúde. Não poucas vezes o retorno à pátria de origem, saindo das áreas rurais brasileiras, passava por um período de trabalho nos centros urbanos.  
7.4 A Imigração e as cidades
As cidades brasileiras do Sul e Sudeste, algumas mais, outras menos, refletiram essa revolução étnico-demográfica desde os primeiros anos da República, tornando-se locais fundamentais de experiências transculturais cosmopolitas e centros agregadores de cada grupo étnico e nacional imigrado no país. Em 1920, 2/3 da população da cidade de São Paulo eram compostos pelos imigrantes e seus filhos (35% eram estrangeiros natos, que entre 1890 e 1910 chegaram a compor, por diversos anos, mais da metade da população paulistana). A cidade do Rio de Janeiro tinha mais de 1/4 de estrangeiros, Porto Alegre 12%. Também as principais cidades do Norte contavam com uma população imigrada (em Recife mais de 4%, por exemplo). Os embates étnicos foram certamente inferiores aos que tanto caracterizaram as cidades estadunidenses, mas não faltaram tensões, sobretudo nos anos iniciais da explosão urbana. Altas e súbitas concentrações de estrangeiros às vezes criaram atritos entre o governo brasileiro e os governos dos países de onde eles provinham. Se a comum origem mediterrânea e latina da maior parte dos imigrantes atenuou conflitos de origem étnica entre eles e com as autoridades brasileiras, mais frequente foi o revestimento étnico de embates que tinham outras motivações, políticas, de classe ou intraclasse. Apesar da história e de muitos elementos culturais amplamente Compartilhados, o grupo europeu mais confrontado tanto pela população como pela elite brasileira foi o português. Particularmente fortes foram os atritos entre afro-descendentes e imigrantes, sobretudo quando esses conflitos eram exacerbados pela luta no mercado de trabalho. Nas cidades onde os brancos prevaleceram esmagadoramente, como em São Paulo, os conflitos foram menos explícitos (mas não os atos de racismo), diferentemente de onde a população negra era muito consistente ou majoritária, como na capital federal e nas cidades mineiras. No âmbito dos estrangeiros, quando ocorriam dissídios, estes foram mais comuns entre portugueses, de um lado, e italianos e espanhóis, de outro, em São Paulo, Minas e Rio; e entre alemães e italianos, ou destes com os eslavos nos estados sulinos. As comunidades estrangeiras eram também divididas internamente, sobretudo os italianos e espanhóis, caracterizados por fortes e contrastantes regionalismos, mas mais frequentemente por diferenças de classe. Referências LACERDA, Antônio Corrêa. Economia Brasileira, Saraiva, São Paulo, de 2011.
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