domingo, 14 de abril de 2013


A ESPERA DE UM MILAGRE - O DRAMA DOS HAITIANOS NO ACRE

da Agencia Estado


A disputa no braço por uma quentinha no começo das tardes de quinta e sexta-feira dentro de um galpão na periferia de Brasileia, no Acre, era o reflexo de uma tragédia humanitária que começou em janeiro de 2010 no Haiti e chegou ao Brasil com força dias atrás pela fronteira com o Peru. Passados três anos do terremoto que devastou o país caribenho, 1,3 mil refugiados haitianos lotam um acampamento, passam horas deitados em colchões, sobre placas de papelão, à espera de uma autorização para ingressar oficialmente no território brasileiro. A esse contingente somaram-se nos últimos dias 69 senegaleses, dois nigerianos e até um indiano.


"Perdemos o controle da situação", admitiu no final da tarde calorenta de sexta-feira o secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão. Diante do aumento no volume de imigrantes nos últimos 25 dias, o local que abrigava 250 pessoas recebeu pelo menos mais mil viajantes. Só entre quinta e sexta-feira, 50 pessoas desembarcaram de táxis e ônibus com suas malas e a esperança de carimbar documentos que lhes permitam viver legalmente no Brasil.

Nilson Mourão, Secretário de Direitos Humanos do Acre

Vendo que a situação se agravara, o governador do Acre, Tião Viana (PT), decretou situação de emergência humanitária na quarta-feira para atrair atenção de órgãos federais de apoio. Assessores de Viana afirmam que o Itamaraty vem ignorando a situação dos haitianos e deixando para o Estado a administração do problema migratório. A iniciativa do governador deu resultado. Uma força-tarefa da burocracia federal, composta por diversos ministérios e órgãos federais, baixou em Brasileia na tarde de sexta-feira para tentar aliviar a pressão no município, que possui cerca de 25 mil habitantes.

Haitianos em Brasiléia (AC) lutam por um prato de comida

Enquanto as autoridades brasileiras se envolvem em uma retórica burocrática, os imigrantes sofrem com as precárias condições do alojamento de Brasileia. O principal problema é o tempo de demora para a concessão dos papéis necessários para que oficializem sua condição de refugiados. A delegacia da Polícia Federal existente em Epitaciolândia - cidade vizinha, de 15 mil habitantes - estava preparada para atender 30 pessoas por dia nos últimos meses. Com a avalanche de pedidos e o decreto de emergência, tenta agora acelerar os processos com o reforço de funcionários da Receita Federal, responsável pela concessão de CPFs. A promessa é emitir uma centena de documentos e aliviar a pressão em um mês, permitindo aos imigrantes a obtenção de documentos para a posterior retirada da carteira de trabalho especial, em Rio Branco. Sem a documentação, empresas interessadas em contratar os haitianos não conseguem completar a seleção dos trabalhadores.


"As companhias chegam para buscar gente mas ainda não temos os documentos na mão", disse Jonathan Philisten, de 40 anos, que deixou quatro filhos em Porto Príncipe para se aventurar pelo Brasil. Falando em espanhol, o haitiano contou que deixou seu país porque queria ir "para qualquer lugar onde tenha trabalho". Ao lado dele, Elias Ribas, 24 anos, da República Dominicana, apontava para a mulher, Julissa, da mesma idade. "Ela está grávida de cinco meses", ressaltou. "Queremos ir para Rio." Cozinheiro, ele acredita que pode encontrar trabalho para recomeçar a vida longe da terra natal. Seguindo a onda dos haitianos, Ribas reclamou da falta de água no reservatório, instalado ao lado do galpão - que às 14h de sexta-feira estava seco. Pouco depois, uma camionete chegou com galões de 20 litros de água, vendidos ao governo por R$ 4,50 e fornecidos todos os dias por um posto de combustível da região. O indiano Abdul Hoqui enfrentava ainda com esperança a rotina de espera. "Estou aqui há um mês e três dias", disse. Apesar da dura realidade, o nigeriano Sunday Gbesinmi Ebietomere, de 41 anos, ex-funcionário de um aeroporto de seu país, considera o Brasil a esperança para uma vida nova.


É o que deseja também o haitiano Servil Compere, de 26 anos, que chegou no último dia 5 em busca de um irmão que já trabalha em Santa Catarina. Para ele, um emprego significa um recomeço sonhado há meses. Servil contou que foi salva-vidas em Porto Príncipe, antes do terremoto. Encostado em uma árvore, olhava o tumulto da distribuição de comida. "Eu trabalhava na Defesa Civil", dizia, enquanto exibia uma carta de recomendação, escrita em espanhol, atestando suas habilidades e com o número do passaporte. Compere espera que seus documentos sejam liberados para que possa procurar o irmão, Villaduin, que está vivendo na cidade catarinense de Porto Belo. Depois de passar a tarde perambulando pela cidade, percorrendo a pé cerca de 3 quilômetros entre o abrigo de Brasileia e a Rua Santos Dumont, em Epitaciolândia - onde fica a Delegacia da PF - já era noite quando Jonathan Philisten recebeu uma boa notícia. Sua jornada de imigrante não documentado, morador do abrigo de refugiados, seria trocada por uma viagem de cerca de 4 mil quilômetros até a região de Maringá, no Paraná, para trabalhar em uma granja de frangos.

Na microrregião Quirinópolis, a vida dos haititanos é bem diferente

por Leon Alves Corrêa

Segundo dados das prefeituras de Caçu e Cachoeira Alta, embora não haja um rígido controle acerca da vida dos imigrantes haitianos, sabe-se que quase uma centena de haitianos vivem hoje nas duas cidades, muitos deles em acampamentos na zona rural. O trabalho, na maioria da vezes, se dá em empresas prestadoras de serviços às grandes usinas de etanol. Na lavoura de cana é debaixo de um sol de quase 40 graus e rotina vai das sete da manhã às cinco da tarde. No fim do dia, eles ainda têm energia de sobra e um sorriso no rosto de impressionar. Praticamente todas as usinas de etanol instaladas na Microrregião Quirinópolis, não se utiliza de mão-de-obra braçal na colheita da cana, o trabalho braçal, inclusive o que se utiliza dos haitianos, é apenas no momento do plantio. Os haitianos ocupam ainda algumas funções de manuseio de equipamentos, sobretudo máquinas e equipamentos agrícolas modernos, como é o caso das colheitadeiras de cana (máquinas que custam quase um milhão de reais).


Jacky Delis diz que ainda não se adaptou completamente à mudança, mas que pelo menos agora tem um emprego e é isso que todos querem. Na frente de trabalho estão 10 haitianos, que ajudam a fazer o controle de doenças no campo. Com a ajuda de um facão, eles vasculham planta por planta em busca de algum sinal da broca da cana ou da cigarrinha da raiz, as duas pragas de maior incidência nas lavouras da região. A 20 quilômetros dalí fica a base da usina de bioenergia em Goiás, localizada entre os municípios de Cachoeira Alta e Caçu. Outros 13 haitianos trabalham na indústria, situação bem diferente de dois anos atrás, quando a esperança parecia ter acabado depois do terremoto que devastou o país, deixando mais de 200 mil mortos e milhares de desabrigados. Desde então, muitos haitianos têm buscado ajuda em outros países. Texto sugerido para o desenvolvimento dos conteúdos das disciplinas GEOGRAFIA POLÍTICA e ECONOMIA ESPACIAL, ambas presentes nos cursos de Geografia da UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

sábado, 13 de abril de 2013


GABARITO DA LISTA DE EXERCÍCIO DE OENS (Orientação de Estudos de Ensino Superior)

Questões de 1 a 9 Marque a alternativa correta

1-c

3-b

4-c

5-d

6-a

7-d

8-d

9-d

Marque V (verdadeiro) ou F (falso)

1-v

2-f

3-v

4-v

5-v

6-v

7-f

8-v

9-v

10-v

11-v

12-v

13-v

14-v

Questões discursivas (não há gabarito)

GABARITO DA LISTA DE EXERCÍCIO DE TEORIA DO CONHECIMENTO GEOGRAFICO


GABARITO DA LISTA DE EXERCÍCIO DE OENS (Orientação de Estudos de Ensino Superior)

Questões de 1 a 9 Marque a alternativa correta

1-c

3-b

4-c

5-d

6-a

7-d

8-d

9-d

Marque V (verdadeiro) ou F (falso)

1-v

2-f

3-v

4-v

5-v

6-v

7-f

8-v

9-v

10-v

11-v

12-v

13-v

14-v

Questões discursivas (não há gabarito)

sexta-feira, 12 de abril de 2013


O RELACIONAMENTO ESFRIOU? ESTÁ NO FIM? SAIBA ENTAO COMO REACENDER OU NÃO PERMITIR QUE ELE ACABE

fonte: Blog da Ana Paula Padrão

Boa parte das pessoas, quando fala em estabilidade na relação, explica que a paixão é um dos requisitos essenciais para tudo dar certo. O relacionamento começa com aquele fogo, mas, de repente, um dos lados começa a esfriar. Neste ponto, os defeitos ocultados pela intensidade do sentimento começam a ser mais visíveis e menos tolerados. E, quando menos se espera, uma relação que iniciou com “fogo e paixão”, como na música do Wando, esfria de uma vez. Conversamos com três especialistas em relacionamentos amorosos que apontaram as principais características de uma relação “fria” e ainda explicam como você pode recuperar o antigo fogo da paixão.


Intimidade em excesso na relação

Muitas vezes, por estarmos há muito tempo com uma pessoa, acabamos nos expondo demais ao fazer coisas que não fazíamos no início do namoro, afinal, já temos intimidade e achamos que não precisamos mais conquistar o parceiro. Neste ponto, a relação pode esfriar. “Dividir o banheiro e descuidar do visual, como a parceira usar lingerie desbotada e o cara andar desleixado são alguns exemplos dessa intimidade excessiva”, destaca a professora de sensualidade e personal sex trainer, Rita Ma Rostirolla.


Casal não tem mais tempo para namorar

No início, ambos tinham dia certo e hora para a intimidade, o que fazia do encontro um acontecimento esperado e desejado. Agora que a vida sexual já normalizou, a intimidade não tem mais emoção, virou consequência. Não reservar um tempo para namorar é uma característica que pode revelar um relacionamento frio. Outro fator é quando há o isolamento por causa do namoro. 'Precisamos de tempo com nossos amigos e família e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Preservar isso só fortalece a relação e não pressiona a outra pessoa, deixando-a sufocada', alerta Rita.


Casal não se beija como antes

Outra característica que revela uma relação ‘fria’ é quando o casal não se beija como antes. Para a professora de sensualidade e personal sex trainer Rita Ma Rostirolla, o beijo representa a maior intimidade que um casal pode ter. “Tudo começa e termina com o beijo. Alguns casais passam a ter uma vida sexual mais ativa porque têm maior liberdade depois de certo tempo de namoro e, dessa forma, o beijo começa a diminuir. O que antes era intenso e em quantidade fica sem graça e esquecido. Beijo não só cria, mas mantém a intimidade”, alerta a professora.


Não leve discussão para fora de casa Nunca leve uma discussão para fora de casa, para o convívio social e para outras pessoas. Isso pode soar como um insulto à capacidade de seu companheiro ou parceira em conviver de forma saudável e pode “esfriar” ainda mais a relação. “Se a outra parte acabar fazendo isso, mantenha a calma, não discuta. Respire e deixe para conversar melhor quando estiverem a sós”, pondera o psicólogo Rafael Higino.

Uma relação perfeita não existe

A busca por uma pessoa, um namoro ou casamento perfeito sempre vai existir, o importante é lembrar que ninguém alcança a perfeição 100% do tempo e que, quando os problemas aparecerem, o casal precisará ter um jogo de cintura para contorná-los e continuar a relação saudável. “O relacionamento perfeito não existe sozinho, são as pessoas envolvidas que conseguem manter essa relação cada vez melhor”, explica a psicanalista Taty Ades. Vida sexual muda a partir de pequenos gestos “A vida sexual irá esquentar espontaneamente a partir de pequenos gestos como um mimo, presentes simbólicos que representam seu carinho, um elogio de admiração, um bom dia com um beijo, um jantar à luz de velas e outras situações de conquista e carinho”, garante o psicólogo e coaching amoroso da Agência FreeLove, Rafael Higino.

quinta-feira, 11 de abril de 2013


CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TEORIA DO CONHECIMENTO

(Traduzido por Leon Alves Corrêa do Original de Emídio Navarro, PT)


O fenómeno do conhecimento é, ao mesmo tempo, um dos mais banais e dos mais difíceis de esclarecer. Pode dizer-se que desde que o homem é homem houve acontecimentos, mas só já numa fase adiantada da evolução humana é que se reflectiu sobre o próprio acto de conhecer. De princípio, conhecem-se simplesmente as coisas e julga-se que elas se conhecem tais como são; não se pensa no acto do espírito pelo qual se obtém o conhecimento. Mais tarde, o homem verificou que os sentidos e a própria inteligência erravam e, por isso, começou a desconfiar e a pôr em dúvida o valor do seu conhecimento. Foi esta experiência do erro que obrigou o espírito a voltar-se das coisas para si próprio, a fim de analisar o próprio acto de conhecimento, saber o que ele é, determinar a sua essência, descobrir o seu mecanismo e resolver o problema do seu valor. Esta marcha crítica, quanto ao conhecimento, é obra essencialmente filosófica e só apareceu, quando o espírito humano atingiu um certo desenvolvimento - foi destas reflexões que nasceu a teoria do conhecimento ou gnosiologia, que se designa geralmente por problema crítico. A teoria do conhecimento tem precisamente por objecto o estudo da possibilidade do conhecimento, da sua origem da sua natureza ou essência, do seu valor e limites e, ainda, do problema da verdade. O acto de conhecer é a actividade do espírito pela qual se representa um objecto ou uma realidade. É um acto do espírito e não uma simples reacção automática mais ou menos adaptada às circunstâncias; não é propriamente um acto de conhecimento o sentar-me na cadeira, mas sim o saber porque me sento e como me sento. O resultado do acto de conhecer é uma representação e, portanto, conhecer é representar alguma coisa distinta do sujeito que conhece.


Há, por conseguinte, no conhecimento três elementos: o sujeito que conhece, o objecto conhecido e a relação sujeito - objecto. Este objecto pode ser exterior ao sujeito, como por exemplo, a caneta com que escrevo; pode ser interior, como a maior tristeza ou o meu pensamento; e pode, ainda, identificar-se com o próprio sujeito, como ao procurar conhecer-me a mim próprio. Mas mesmo no caso de identificação do sujeito com o objecto, não deixam de existir aí os três elementos referidos, pois o "eu" que é conhecido apresenta-se ao "eu' conhecedor como uma realidade distinta, mas em relação com ele. A história da filosofia mostra-nos que os problemas do conhecimento interessaram mais ou menos todos os filósofos desde a velha Grécia, mas sem constituírem uma parte autónoma da filosofia. Com efeito, a teoria do conhecimento ou gnosiologia, como disciplina própria, só apareceu na Idade Moderna, a partir de Locke, que, no seu livro "Ensaio sobre o entendimento humano", tratou directamente da origem, natureza e valor do conhecimento. Desde então, a teoria do conhecimento mereceu as atenções de muitos filósofos que nela têm visto uma das partes da filosofia, com o seu valor e lugar próprio no conjunto dos problemas filosóficos.

A teoria do conhecimento abrange, p

ortanto os seguintes problemas: 1- Possibilidade do conhecimento: É possível conhecer a verdade e possuir a certeza? Ou, ao contrário não podemos passar as dúvida?- Dogmatismo, Cepticismo, Criticismo. 2- Origem do conhecimento - o nosso conhecimento procede apenas da experiência? Ou só da razão que usa certos dados chamados apriorísticos para organizar a experiência ? Ou ainda procederá o conhecimento da experiência e da razão ? - Empirismo, Racionalismo e Empírico-racionalismo. 3- Natureza ou essência do conhecimento - o conhecimento será uma representação ou modificação do sujeito, provocado pelos objectos existentes, independentemente do sujeito conhecedor ? Ou uma modificação puramente subjectiva criada pela consciência? - Realismo e Idealismo. 1- O PROBLEMA DA POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO: Refletir sobre o conhecimento consiste em questionar o mesmo, o que significa que a própria problematização do conhecimento implica também questionar o valor dos conhecimentos humanos, ou seja, indagar sobre os critérios que permitem reconhecer uni conhecimento como verdadeiro. O que é que assegura ao homem que dado conhecimento é verdadeiro e não falso ? O homem pode conhecer a realidade e ter a certeza daquilo que conhece ? Qual é então o critério que lhe permite reconhecer a verdade ? A estas questões os filósofos foram respondendo de modos diferentes, dando origem a diferentes concepções teóricas, das quais se destacam duas teorias opostas: uma afirmativa - oDogmatismo -, e outra negativa - o Cepticismo. 1.1 O Dogmatismo O dogmatismo é a doutrina que admite a possibilidade do conhecimento certo. Assim como o realismo é a atitude natural do homem face ao mundo, o mesmo é válido para o dogmatismo: a percepção de um qualquer objecto leva-o a crer, naturalmente, na existência do mesmo não pondo sequer a dúvida de que o conhecimento desse objecto possa ser posto em causa. O dogmatismo corresponde, portanto, à atitude de todo aquele que crê que o homem tem meios para atingir a verdade, assim como para ter a certeza de que a alcançou, pois considera que existem critérios que lhe permitem distinguir o verdadeiro do falso, o certo do duvidoso. O dogmático não se confronta com a dúvida, na medida em que não problematiza o conhecimento, ele parte simplesmente do pressuposto da possibilidade do conhecimento, tomando este como um dado adquirido, como algo que nem sequer é posto em questão. "Dogmatikós em grego significa , "que se funda em princípios" ou ,é relativo a uma doutrina. (... ) Dogma é um ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa. Na religião cristã, por exemplo, há o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a qual não deve ser confundida com a existência de três deuses, pois se trata apenas de um Deus é uno . Não importa se a razão não consegue entender, já que é um princípio aceite pela fé e o seu fundamento é a revelação divina. (... ) Quando transpomos esta ideia de dogma para áreas estranhas à religião, ela passa a ser prejudicial ao homem que, uma vez, na posse da verdade, se fixa nela e abdica de continuar a busca. O mundo muda, os acontecimentos sucedem-se e o homem dogmático permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez por todas. Refractário ao diálogo, teme o novo e não raro torna-se intransigente e prepotente. Disse Nietzsche filósofo alemão do século XIX, que "as convicções são prisões". Quando o dogmático resolve agir, o fanatismo é inevitável. Em nome do dogma da raça ariana, Hitler cometeu o genocídio dos judeus nos campos de concentração. (ARANHA, 1993)" Aranha, e Martins, Filosofando - Introdução à Filosofia


"Dogma em grego significa, o que se manifesta como bom, opinião, decreto, doutrina. (...) Em filosofia, contudo, nunca a autoridade é, só por si, argumento decisivo: a própria verdade necessita de uma fundamentação interna que satisfaça as exigências da razão. Por isso, o termo adquiriu, frequentemente, sentido pejorativo, significando a adesão a alguma doutrina, sem prévia fundamentação crítica. O problema levantou-se. sobretudo, a propósito do problema gnosiológico.(...)" Fragata, J."Dogmatismo " in Enciclopédia Logos, p. 145 A atitude habitual do homem comum é, de certo modo, próxima do dogmatismo. Habitualmente, não nos questionamos acerca do valor do conhecimento, não pomos em causa a nossa capacidade para estabelecer a verdade em determinadas áreas, não procuramos indagar da possibilidade da relação cognitiva sujeito-objecto e dos fundamentos dessa relação cognitiva. Para o senso comum, aquele conhecimento vulgar e banal, superficial e acrítico, a existência do objecto em si não é questionada, nem sequer a adequação ou inadequação do nosso conhecimento sensivel a esse objecto: "O senso comum responde logo que sim, que esse algo existe". 1.2 O Cepticismo: O cepticismo é uma atitude pessimista que o homem tem face à possibilidade de poder alcançar um conhecimento verdadeiro; é a doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir qualquer verdade com certeza absoluta. O cepticismo, na sua forma radical, nega totalmente a capacidade do sujeito para conhecer algo verdadeiramente, o que acaba por ser uma posição insustentável e contraditória, pois ao afirmar a impossibilidade de alcançar um conhecimento verdadeiro, está já a supor uma verdade - a verdade de que não há nada de verdadeiro. Esta posição foi assumida, pela primeira vez, por volta de 270 a.C., por Pirrón. Este pensava que nada pode ser considerado verdadeiro ou falso, bom ou mau, belo ou feio, uma vez que o espírito é incapaz de afirmar ou negar seja o que for, por falta de motivos sólidos para o fazer. É, pois, de evitar afirmar ou negar o que quer que seja, isto é, deve suspender-se o juízo (epoché).


Já na Idade Moderna, Montaigne e Hume manifestaram uma atitude céptica; o primeiro no campo da reflexão ética, o segundo quanto à metafísica. De facto, o empresta David Hume, ao reduzir o conhecimento possível aos limites do observável (da experiência), nega a possibilidade de se atingir a certeza e a verdade reduzindo o conhecimento à probabilidade e plausibilidade. "Skepticós em grego significa "que observa", "que considera". O céptico tanto observa e tanto considera, que conclui pela impossibilidade do conhecimento. Confrontando as diversas filosofias, percebe que são diferentes e ás vezes contraditórias, concluindo que é impossível aderir a qualquer uma delas. Enquanto o dogrnático se apega à certeza de uma doutrina, o céptico conclui pela impossibilidade de toda a certeza e, neste sentido, considera inútil esta busca infrutífera que não leva a lugar nenhum. " Aranha, e Martins o.p.citad


1.2.1 David Hume e o Cepticismo: (...) É pois em vão que tentaremos determinar um só acontecimento, ou descobrir uma causa ou um efeito sem o auxílio da observação e da experiência. Podemos, a partir daí, descobrir a razão pela qual nenhuma filosofia razoável e modesta conseguiu alguma vez indicar a causa última de uma operação natural, nem mostrar claramente a acção do poder que produz um só efeito no universo. Há acordo geral quando se afirma que o esforço último da razão humana é o de reduzir os princípios que produzem os fenómenos naturais a uma maior simplicidade e os numerosos efeitos particulares a um pequeno número de causas gerais por meio de raciocínios tirados da analogia, da experiência e da observação. Mas será em vão que tentaremos descobrir as causas destas causas gerais; e nunca ficaremos satisfeitos com uma explicação particular. Estas causas e estes princípios últimos serão sempre completamente subtraídos à curiosidade e investigação do homem.» D. Hume, Ensaio sobre o entendimento humano, 2- O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO: De onde nos vêm as representações que nos servimos para compreender a realidade? De onde procede, fundamentalmente, o conhecimento ? Para que o conhecimento se possa considerar um autêntico conhecimento, é preciso que seja universal e necessário e, ao mesmo tempo, se aplique à realidade, que é singular e contingente. De onde deriva o conhecimento, de modo a satisfazer estas duas condições ? Se procede apenas da experiência satisfará a segunda, mas não a primeira - se é obtido só pela razão, terá carácter universal e necessário, mas não valerá da realidade. Foi esta dificuldade que dividiu todos os filósofos em duas correntes opostas Empirismo e Racionalismo -, que o Empírico - Racionalismo procura conciliar. O Empirismo diz-nos que o conhecimento provém fundamentalmente da experiência sensível e a esta se reduz, não podendo elevar-se acima dos dados experimentais - por isso se diz que o conhecimento é "a posteriori". O Racionalismo, pelo contrário, valoriza, sobretudo a razão, que organiza, unifica e dá sentido aos dados recebidos espontaneamente da consciência. O Racionalismo, não encontrando na experiência, singular e concreta, explicação para o carácter geral e abstracto do conhecimento, afirma que a razão recebe certas ideias gerais que lhe servem para conhecer a realidade, ou cria certos dados chamados apriorísticos, com os quais organiza e interpreta a experiência - por isso se diz que o conhecimento é "a priori". Finalmente, a corrente Empírico-racionalista afirma que o conhecimento procede da experiência, mas não se reduz à experiência, para estes o conhecimento resulta dum processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela capacidade organizacional do sujeito. 2.1 O Racionalismo: Descartes, Leibniz e Spinoza são alguns dos representantes do racionalismo. Esta doutrina filosófica afirma que o conhecimento humano tem a sua origem na razão, que possui, ou representações inatas, ou capacidade de criar representações (Ideias gerais) dos objectos, às quais a realidade se submete. Deste modo, é sobre as ideias inatas que (segundo Descartes são as únicas que obedecem ao critério da clareza e da distinção) se constitui um conhecimento que pode ser considerado verdadeiro porque logicamente necessário e universalmente válido. Os juízos determinados pela experiência não apresentam essas características, por isso, concluem os racionalistas, o verdadeiro conhecimento não pode fundamentar-se na experiência, mas sim na razão. A matemática, um conhecimento predominantemente conceptual e dedutivo, é o modelo de conhecimento que serviu de base à interpretação racionalista, pois todos os conhecimentos matemáticos derivam de alguns conceitos gerais tomados como ponto de partida dos quais se concluem todos os outros, de acordo com as leis do pensar correcto, que foram definidas, como sabemos, pela ciência da lógica. 2.2 O Empirismo: Enquanto que os filósofos racionalistas adoptam as matemáticas como o modelo de conhecimento a construir, Locke, Berkeley e Hume adoptam as ciências experimentais como modelo de conhecimento. Daí que todo o conhecimento comece pelos dados oriundos da experiência sensível, ao mesmo tempo que negam que a razão possua ideias inatas. Vejamos agora um texto muito célebre, no qual Locke retoma a antiga tese da alma como "tábua rasa", na qual só a experiência inscreve conteúdos: "Admitamos pois que, na origem, a alma é como que uma tábua rasa, sem quaisquer caracteres, vazia de ideia alguma: como adquire ideias? Por que meio recebe essa imensa quantidade que a imaginação do homem, sempre activa e ilimitada, lhe apresenta com uma variedade quase infinita? Onde vai ela buscar todos esses materiais que fundamentam os seus raciocínios e os seus conhecimentos? Respondo com uma palavra: à experiência. É essa a base de todos os nossos conhecimentos e é nela que assenta a sua origem. As observações que fazemos no que se refere a objectos exteriores e sensíveis ou as que dizem respeito às operações interiores da nossa alma, que nós apercebemos e sobre as quais reflectimos, dão ao espírito os materiais dos seus pensamentos. São essas as duas fontes em que se baseiam todas as ideias que, de um ponto de vista natural, possuímos ou podemos vir a possuir." John Locke, Essay concerning human understanding, Collins, Livro 1, cap. II, p. 68 De facto, os empiristas, para justificarem a sua posição, vão buscar os argumentos às ciências experimentais, à evolução do pensamento e do conhecimento humanos. Ou seja, se as ideias fossem inatas, como pretendem os racionalistas, como justificar a sua ausência nas crianças? Por outro lado, nas ciências experimentais o conhecimento resulta da observação dos factos, na qual a experiência desempenha um papel fundamental. Deste modo, os empiristas são levados a privilegiar a experiência em detrimento da razão.


2.3 O EMPÍRICO - RACIONALISMO: Nem o racionalismo nem o empirismo são respostas totais aos problemas que pretendem resolver. O racionalismo opõe-se ao empirismo, e a doutrina empírico-racionalista representa uma tentativa de estabelecer a mediação entre estas duas, afirmando que o conhecimento se deve à comparticipação da experiência e da razão. O maior representante desta corrente é Kant, um filósofo alemão do séc. XVIII, que abordou a questão da origem do conhecimento procurando conciliar as duas doutrinas acima referidas - de facto, para Kant, todo o conhecimento começa na e pela experiência, mas não se limita a ela. Os elementos múltiplos, diversos e contingentes fornecidos pela experiência são integrados em conceitos que o próprio entendimento possui a priori. Deste modo, a experiência fornece a matéria, o conteúdo do conhecimento, enquanto que o entendimento lhe dá uma certa forma; o que significa que o conhecimento é sempre o resultado da junção de uma forma com uma matéria. 2.3.1 O apriorismo ou criticismo de Kant Kant vai analisar criticamente ambas as doutrinas - o racionalismo e o empirismo -, concluindo da insuficiência de cada uma delas, se perspectivadas de um ponto de vista disjuntivo. Porém, se se conciliarem, talvez resolvam mais satisfatoriamente os problemas. Kant considera, pois, que o conhecimento não pode fundamentar-se unicamente na razão, como pretendiam os racionalistas, mas também não pode reduzir-se unicamente aos dados da experiência. Esta é antes fonte dos dados recebidos pela nossa sensibilidade, mas devidamente organizados por determinados conceitos existentes no nosso conhecimento, conceitos que não derivam da experiência, pois são-lhe independentes o anteriores - são os conceitos puros do entendimento, a priori, e daí chamar-se apriorismo à doutrina desenvolvida por Kant. Então, para Kant, o conhecimento é como que o resultado de um processo de transformação de uma matéria prima dada pela experiência e apreendida pelo entendimento como tendo determinada significação. "0 nosso conhecimento procede de duas fontes fundamentais do espírito: a primeira é o poder de receber as representações (a receptividade das impressões), a segunda, o de conhecer o objecto por meio dessas representações (espontaneidade dos conceitos). Pelo primeiro, um objecto é-nos dado; pelo segundo, ele é pensado em relação com esta representação (como simples determinação do espírito). Intuição e conceitos constituem, portanto, os elementos de todo o nosso conhecimento; de maneira que nem os conceitos sem uma intuição que lhes corresponda de algum modo, nem uma intuição sem conceitos, podem dar um conhecimento. (... ) Se chamamos sensibilidade à receptividade do nosso espírito, a capacidade que tem de receber representações na medida em que é afectado de alguma maneira, deveremos, em contrapartida, chamar entendimento à capacidade de produzirmos nós mesmos representações ou à espontaneidade do conhecimento. A nossa natureza implica que a intuição não pode nunca ser senão sensível , quer dizer, que contém apenas a maneira como somos afectados pelos objectos, enquanto o poder de pensar o objecto da intuição sensível é o entendimento. Nenhuma destas duas propriedades é preferível à outra." Kant, Crítica da Razão Pura Quer isto dizer que se não pode haver conhecimento sem experiência, continuamos a não ter conhecimento se nos limitarmos exclusivamente a esta. O mesmo se passa em relação à razão. Como sabemos, o verdadeiro conhecimento é aquele que, para além de permitir a sua adequação ao real que se quer conhecer, é também universalmente válido e necessário. O primeiro aspecto pressupõe a experiência como modo do homem contactar com a realidade, o segundo aspecto advém-lhe do facto de existirem conceitos e categorias que são a priori e, como tal, possuem as características de universalidade e de necessidade. 2.3.2 O Construtivismo de Piaget Como apontamento final, não podíamos deixar de referir aqui a teoria operatória ou psicogenética de Piaget, que contribuiu igualmente para a compreensão do fenómeno de conhecimento como construção: tal como Kant, também Piaget considera que o conhecimento resulta dum processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela capacidade organizacional do sujeito; pelo que a sua teoria se enquadra na corrente empírlco-racionalista de que temos vindo a ocupar-nos. Como já vimos, Piaget no nosso século, retoma a ideia do conhecimento como uma construção por parte do sujeito a partir dos dados fornecidos pela experiência, procurando a sua justificação psicológica. Ao estudar como se formam as estruturas e as categorias que permitem o funcionamento da inteligência, Jean Piaget dá ao apriorismo de Kant uma versão biologista. Segundo a teoria operatória, o organismo tem que possuir determinadas características que tornem possível a troca de informação com o meio e a construção de conhecimento que, deste modo, não é dado nem é cópia do real. O conhecimento é, assim, fruto de uma interacção entre o sujeito e o meio implicando, por um lado a experiência sensível e, por outro, as estruturas cognitivas de que todo o sujeito é dotado e que lhe permitem construir o seu conhecimento com base nessa mesma experiência. 3. O PROBLEMA DA NATUREZA DO CONHECIMENTO: Em todo o acto de conhecimento, como vimos, podemos considerar três elementos: o sujeito que conhece, o objecto conhecido e a relação entre o sujeito e o objecto. Para conhecer, o sujeito tem como que sair de si mesmo para ir ao encontro do objecto e apreender as suas propriedades, de modo a representá-lo no espírito. O conhecimento apresenta-se, assim, como uma representação na consciência. Pode perguntar-se agora: essa representação foi provocada pelo objecto existente fora do sujeito? Neste caso, o conhecimento tem valor objectivo, porque atinge uma realidade que existe independentemente da nossa representação; o conhecimento é a representação das coisas de facto existentes. Ou essa representação será simplesmente uma criação da nossa consciência, à qual nada corresponde fora do sujeito ou, se corresponde, é como se não existisse, porque não pode conhecer-se? O conhecimento, assim, terá unicamente valor subjectivo; representará as modificações subjectivas e atingirá os nossos estádios de consciência. Ora, perguntar pela natureza do conhecimento consiste precisamente em indagar qual dos dois pólos, sujeito ou objecto do conhecimento, é determinante; ou seja, se o que se conhece directamente é a representação do real, poder-se-á considerar que se conhece efectivamente o real ou apenas a sua representação, a sua imagem? Em resposta a esta perguntas temos duas teorias opostas: o Realismo e o Idealismo.


3.1 O Realismo: A nossa atitude habitual é acreditar que existe um mundo de objectos físicos que existem independentemente do facto de estarem a ser percebidos por um sujeito, que são causa das nossas percepções e que estas nos dão a conhecer o mundo tal como ele é em si. Esta atitude é habitualmente designada por Realismo. doutrina que afirma que por meio do conhecimento atingimos uma realidade distinta da nossa representação e independente dela, mas que lhe corresponde. Por outras palavras, o realismo admite a existência da realidade exterior (ou do mundo externo) como sendo coisa distinta do pensamento ou das nossas representações, o que significa que, para o realismo, o nosso conhecimento atinge a própria realidade e não apenas as representações subjectivas - atinge o que é, e não o que pensamos que seja. "0 homem da rua, que não reflectiu muito sobre o problema da percepção e do mundo físico, é realista: crê que existe um mundo físico que está aí, quer o percebamos ou não, e que podemos saber diversas coisas sobre ele. As cinco crenças seguintes parecem ser partilhadas por todos os seres humanos, e o conjunto constituído pelas quatro primeiras fundamenta a opinião que, às vezes, se denominou "realismo ingénuo". 1. Existe um mundo de objectos físicos (árvores, edifícios, colinas, etc.). 2. Pode conhecer-se a verdade dos enunciados acerca destes objectos por meio da experiência sensorial. 3. Estes objectos não só existem quando estão a ser percepcionados, como também quando não estão a ser percepcionados. São independentes da percepção. 4. Por meio dos nossos sentidos, percepcionamos o mundo físico quase tal qual ele é. Em geral, as nossas pretensões ao seu conhecimento, estão justificadas. As impressões que temos das coisas físicas nos sentidos, são causadas por essas mesmas coisas físicas. Por exemplo, a minha consciência da mesa é causada pela própria mesa. Porém, não há uma única destas proposições que não tenho sido questionada por pessoas que sobre elas pensaram de modo sistemático. Qual poderia ser a base da sua dúvida ?" 3.2 O ldealismo: Contrariamente ao realismo, o idealismo afirma que o objecto de conhecimento é produto do espírito, o que significa que o conhecimento é produto do sujeito e que as coisas não são mais do que conteúdos de consciência. Berkeley, por exemplo, pensava que o mundo exterior que percepcionamos só existe na nossa percepção. Daí a expressão: esse = percipi, isto é, há uma identidade entre o ser de algo e o ser apercebido. O idealismo não nega propriamente a existência do mundo externo, mas reduz este às representações, ou seja, ao pensamento, às ideias. Como tal, o nosso conhecimento atinge apenas as modificações subjectivas e não a própria realidade - atinge o que pensamos e não o que é.


"Chama-se idealismo a toda a doutrina - e às vezes a toda a atitude - segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas, são ideais - realizáveis ou não, mas quase sempre imaginados como realizáveis. Então, o idealismo contrapõe-se ao realismo, entendido como a doutrina - e às vezes a atitude - segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas são as 'realidades' - as 'duras realidades' (... ). Considerando, pois, o idealismo como idealismo moderno e tendo em conta que o ponto de partida do pensamento idealista é o sujeito, pode dizer-se que este constitui um esforço para responder à pergunta: 'Como podem, em geral, conhecer-se as coisas ?' (... ) Para o idealismo, 'ser' significa primariamente 'ser dado na consciência, no sujeito, no espírito', 'ser conteúdo da consciência, do sujeito, do espírito', 'estar contido na consciência, no sujeito e no espírito.' Mora, J.F., Dicionário de Filosofia, tomo I 4- O PROBLEMA DO VALOR DO CONHECIMENTO: Posto isto, podemos agora perguntarmo-nos: o nosso conhecimento intelectual terá valor objectivo e absoluto, ou apenas valor subjectivo e relativo ? Terá valor objectivo se atingir o real, a essência das coisas, os objectos, tendo também, assim, um valor absoluto, pois sendo imutável a realidade essencial, também o respectivo conhecimento terá carácter absoluto - realismo. Terá carácter subjectivo, se apenas atingir as modificações subjectivas, a maneira como pensamos a realidade, o que as coisas são para nós e não a própria realidade em si e, por isto, também terá valor relativo, porque vale só para nós e para todos os seres constituídos como nós - relativismo. O valor e limites do conhecimento estão dependentes da atitude que se tomar quanto à sua origem e à sua natureza. Assim, o empirismo, o racionalismo. e o idealismo são teorias relativistas, enquanto que o empírico-racionalismo e o próprio realismo conferem ao conhecimento valor absoluto. Senão vejamos: • para o Empirismo, o conhecimento tem um valor relativo; não só porque varia com a experiência (o que é verdadeiro para a experiência deste mundo poderá não o ser para um mundo diverso), mas porque se limita a conhecer os fenómenos e, por isso, vale só para o mundo constituído pelos fenómenos. • para o Racionalismo, a realidade é interpretada em função de certos dados da razão que traduzem as possibilidades do espírito humano nesse sentido e, assim, o seu valor também é relativo, urna vez que é válido apenas para os seres que tenham uma constituição psicológica como a nossa. • para o Idealismo, o conhecimento tem valor puramente subjectivo e relativo, limitando-se o homem a conhecer apenas as suas modificações subjectivas, às quais nada de material corresponde na realidade (Berkeley), ou a conhecer as aparências da realidade - os fenómenos - e não a realidade em si - os númenos (Kant). Estas três doutrinas são, portanto relativistas Mas outras há que conferem ao conhecimento um valor objectivo e absoluto: • para o Empírico-Racionalismo e para o realismo o conhecimento tem um valor objectivo e absoluto, porque atinge o fundo da realidade ou a sua essência, não se limitando ao conhecimento das suas aparências ou das suas manifestações. De facto, para estas duas doutrinas, o conhecimento, por ser fruto de elaboração intelectual a partir das realidades percepcionadas, tem valor objectivo, porque as características gerais (ideias) que afirmamos dos indivíduos, ou das coisas, existem de facto nelas. O mundo do conhecimento não é, portanto, uma cópia do mundo real, mas é uma construção intelectual e técnica, a partir dessa mesma realidade. É conveniente precisar em que sentido é que o conhecimento do homem tem valor absoluto. Quando falamos no conhecimento como valor absoluto, não estamos a dizer que conhecemos a realidade total e perfeitamente, pois, sob este aspecto, o conhecimento é relativo, por estar em contínua evolução e ser maior para uns do que para outros. A verdade total é uma aspiração que se impõe tanto mais quanto maior for o número de conhecimentos que se possui. Isto significa que é o conhecimento da verdade que varia, e não a própria verdade. A verdade de hoje será sempre verdade; se o é para um indivíduo, sê-lo-á para todos, de todos os tempos e lugares - é neste sentido que afirmamos que o conhecimento tem um valor absoluto. O que é realmente verdadeiro ficará sempre verdadeiro e será integrado em novos conhecimentos, uma vez que o homem, sempre sedento de conhecer, vai descobrindo na realidade - novas propriedades e, assim, vai enriquecendo o seu conhecimento - é assim que funciona o conhecimento científico que, nesse sentido, é dinâmico e está em perpétua renovação.O que varia não é a verdade, mas o nosso conhecimento acerca dessa verdade.


domingo, 7 de abril de 2013


BANDA LONGITUDE - UM RESGATE AO ROCK NACIONAL


Para boa parte da crítica especializada, a música brasileira passa por uma crise de identidade, seja pela massificação ou vulgarização de valores e baixaria escancarada (vide funk carioca), ou pela monossilabalização da musica sertaneja (tchu, tcha, pa, pu, ca, fa..., etc) o certo é que quem realmente conhece a trajetória de nossa música, o que se ouve hoje no topo das paradas é algo que beira ao ridículo. A música Brasileira, de raízes européias (como é o caso da influência italiana na música capipira), seja o samba e o pagode (de raízes africacas), sempre primou pela perfeita combinação/harmonia entre uma boa melodia e um arranjo consistente.


As décadas de 40/50 assistiu a emergente música brasileira se erguer como um estilo de repercussão internacional, principalmente divulgada pela superestrela hollywodiana Carmem Miranda.


Nos anos 60, Derivado do samba e com forte influência do jazz, a BOSSSA NOVA é um movimento da música popular brasileira do final dos ano 50 lançado por João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e jovens cantores e/ou compositores de classe média da zona sul carioca. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa Nova tornou-se um dos movimentos mais influentes da história da música popular brasileira, conhecido em todo o mundo, um grande exemplo disso é a música Garota de Ipanema composta em 1962 por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim.


Ja nos anos 70, sob a influência das bandas juvenis "The Beatles" e "The Rolling Stones" a JOVEM GUARDA surge com uma força meteórica e modifica para sempre a visão sobre a música brasileira no contexto mundial, estrelas como Roberto Carlos, os Mutantes, Secos & Molhados, etc...


Nas décadas de 80 e 90 Atribui-se a esta década a popularização do rock brasileiro, movimento que surgiu para aproveitar a onda do estilo musical (rock) que já havia se consagrado mundialmente nos anos 70. Muitas bandas deste estilo, como os Titãs e Os Paralamas do Sucesso permanecem ativas até hoje, fazendo apresentações por todo o Brasil. Outras bandas e artistas da época, como Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana e Renato Russo, foram imortalizados e tocam nas rádios até hoje, devido ao grande sucesso entre o público, principalmente adolescentes.


Nos anos 80, ocorreu a verdadeira "explosão" do rotulado "BRock". Isso se deve em parte à criação de casas de show, como Noites Cariocas e Circo Voador (Rio) e Aeroanta (São Paulo). As primeiras bandas a fazerem sucesso foram os irônicos Blitz ("Você não soube me amar") e Eduardo Dusek ("Rock da Cachorra", junto com João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), no batizado "Verão do Rock", em 1982. As bandas mais cultuadas dos anos 80 formam um "quarteto sagrado"[carece de fontes]. São elas: Os Paralamas do Sucesso, originários e Brasília, uniram-se no Rio de Janeiro começaram a tocar na garagem de um dos integrantes; Titãs, paulistas (mais tarde "suavizados"). Inicialmente, juntavam as estéticas da new wave e do reggae com a da MPB, e, de 1982 à 1984, a banda era formada por nove integrantes - além dos músicos que continuam no grupo, fizeram parte do conjunto: Ciro Pessoa (vocais), Arnaldo Antunes (vocais), Marcelo Fromer (guitarra) e Nando Reis (baixo/vocais), logo se tornando um octeto, numa formação que duraria até 1992, com a saída de Arnaldo. O baterista do grupo Ira!, André Jung, tocou seu instrumento no primeiro trabalho titânico, depois cedendo seu posto a Charles Gavin; Os cariocas Barão Vermelho, surgidos em 82 e liderados por Cazuza. Com a saída dele (que teve carreira-solo bem sucedida), o guitarrista Frejat assumiu os vocais; e a mais influente Legião Urbana, liderada por Renato Russo, surgida em 82, emplacando alguns sucessos como "Faroeste Caboclo", "Será" e "Eduardo e Monica" que chegaram ao topo das rádios. A banda acabou com a morte de Renato Russo, em 1996. Os outros legionários que compunham a banda eram: Marcelo Bonfá (bateria) e Dado Villa-Lobos (Guitarra). Renato Rocha foi baixista da banda até 1988. E teve outras também de grandes sucessos na época, como as bandas Sempre Livre, Gang 90 e as Absurdettes, Biquini Cavadão, Hanói Hanói, Hojerizah, Harmony Cats, Lobão e os Ronaldos, Metrô, Magazine, Grafitti,Ed Motta & Conexção Japeri, além de cantores(as) como Marina Lima, Léo Jaime, Ritchie, Kid Vinil, Fausto Fawcett, entre outros. Vários locais do Brasil tinham suas bandas surgindo no Rio de Janeiro, surgiram os alegres Kid Abelha e Léo Jaime; Uns e Outros e o fim da banda Vímana revelou Lulu Santos, Lobão (também ex-Blitz) e Ritchie; em São Paulo, o Festival Punk de 81 revelou Inocentes, Cólera e Ratos de Porão. Além dessa cena, surgiram as principais bandas paulistas, como Ultraje a Rigor (no qual Edgard Scandurra tocou antes do Ira!), Ira!, Titãs, RPM, Zero, Metrô (banda),e Kid Vinil (então vocalista da banda Magazine). Sem se esquecer da cena independente muito bem representados pelo Fellini, Smack, Voluntários da Pátria, Akira S E Garotas Que Erram, e Mercenárias; em Brasília, o Aborto Elétrico (em que Renato Russo tocara) virou o Capital Inicial (que acabou se fixando em São Paulo), e a Plebe Rude teve o sucesso "Até Quando Esperar" e "Proteção"; e no Rio Grande do Sul, os "cabeças" Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós chegaram ao sucesso nacional. Também estouraram bandas gauchas de rock como TNT, Taranatiriça, Cascavelletes, Os Replicantes, Os Eles, Bandaliera,Garotos da Rua, DeFalla. Na Bahia, chegou ao sucesso o Camisa de Vênus. A partir de então não se deflagra nenhum novo movimento musical genuinamente brasileiro que possa ter uma consistência de idntidade. O que se assiste é uma tentativa de retorno ao passado (estilo RETRÔ) e ou deturpações e fusão de estilos como é o caso do Chamado Sertanejo Universitário (uma suposta fusão entre Sertanejo/MPB/Rock Nacional), figuram nesse estilo alguns nomes, duplas e bandas, bem como, Victor & Léo, Luan Santana, Jorge & Matheus e Paula Fernandes)


Neste contexto a Banda Longitude, de Quirinópolis (GO) surge como uma genuina representante do Rock Nacional, com grande influência da Banda "Legião Urbana" e algumas bandas Européias, como a Irlandesa - U2 e a Inglesa SNOW PATROL.

História da Banda - A banda surgiu em maio de 2006, após uma apresentação em um festival de talentos. As influências são as eternas bandas de rock nacional: Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Engenheiros do Havaí. Os rapazes já possui uma demo gravada com músicas próprias, que são elas: “Gabriela”, “Pra Qualquer Lugar”, “Oito de Fevereiro” e “Se eu não tenho você.” A canção “Gabriela”, tornou-se uma das mais executadas nas emissoras locais. Com a divulgação da demo, a banda foi ganhando espaço e fazendo as primeiras apresentações em shows e dando reportagens. Suas músicas são escutadas e cantadas por crianças, adolescentes, jovens, adultos, afim, agrada a todos os públicos. E com isso, abrangendo outros estados. Os trabalhos começaram a aparecer. A formação atual da banda conta com Leonardo no vocal, John Watson no contra baixo, Wellington na bateria, Marco Aurélio na guitarra e Renato no violão. Hoje, a Banda divulga o seu primeiro CD “Longitude”, produzido por Leandro Carvalho, ao som de pop-rock, com dez canções que falam diretamente ao coração. A música de trabalho, “Rosas” gravada com a participação de Anderson Richards, do Mr. Gyn, fala da junção de ofertar a um alguém, rosas e canção, ambas traduzem poesia e toca o coração e a alma. Nestes anos de caminhada, já obtiveram grandes experiência no mundo musical, adquirida em apresentações de shows, emissoras de TV e Rádios, deixando sempre por onde passa a marca da garra e da humildade do grupo. Uma banda que não se enquadra em definições, movida pelo coração, que utiliza da música para traduzir a alma em canções. Eis a LONGITUDE.



GEOGRAFIA E TURISMO - ALGUMAS PONDERAÇÕES

Elaborada por Leon Alves Corrêa



Esta Palestra foi elaborada especialmente para a exposição do conteúdo da disciplina Geografia e Turismo, do 4º ano do curso de Geografia da UEG-Pires do Rio, a mesma realizará uma análise dos rebatimentos do turismo na produção do espaço. Parte-se da teoria espacial de Henri Lefebvre para elucidar a compreensão do conceito de produção do espaço, conceito este que rompe com a noção de espaço como algo estático, imutável, palco da sociedade. Após esta aproximação teórica, situaremos o turismo na produção do espaço, enquanto atividade ligada à ideia moderna de busca pelo novo, de importância crescente na economia capitalista e de intensos rebatimentos sobre o mesmo.



Diante da crescente importância econômica do turismo e da intensificação dos impactos dessa atividade sobre o espaço, a Geografia tem se dedicado nos últimos anos ao estudo das dinâmicas associadas à inserção e ao desenvolvimento desta atividade nos mais diferentes lugares.



O turismo traz consigo dinâmicas características da modernidade, embaladas na busca pelo novo, num eterno vir-a-ser. Isso incide diretamente sobre a produção do espaço. Um espaço agora produzido pelo e para o consumo. Espaço valorizado, não apenas por novos usos, mas por seu valor de troca.




Esse espaço não é visto como um passivo, mas como lugar da reprodução das relações de produção. (LEFEBVRE, 2008, p. 08).
O autor ainda completa "essas relações (sociais) de produção que dão sentido ao espaço; elas o produzem ao mesmo passo em que também são produzidas por este"
A partir disso, Lefebvre apresenta o espaço em três dimensões:
o percebido, o concebido e o vivido
O espaço percebido (L’espace perçu) é o espaço empírico, material, que remete a experiência direta, prático-sensível.
O espaço concebido (L’espace conçu) refere-se às representações do espaço, ao espaço planejado (da tecnocracia, dos urbanistas, por exemplo).
Por sua vez, o espaço vivido (L’espace evécu) é o espaço da prática cotidiana, espaço das diferenças e das possibilidades.
Lefebvre (1977) destaca que os espaços de lazer “constituem objeto de especulações gigantescas, mal controladas e frequentemente auxiliadas pelo Estado (construtor de estradas e comunicações, aval direto ou indireto das operações financeiras, etc.)”.
O turismo figura como prática intimamente ligada a este processo de consumo do espaço. À medida que esta atividade e as demais atividades ligadas ao lazer consomem paisagens e lugares, estas têm o próprio espaço como elemento de consumo direto.



O turismo hoje é uma área de grande interesse da produção acadêmica geografica, muito embora enquadra-se como um termo de novíssima acepção, sendo assim um dos ícones dessa nova tendência na Geografia é o professor estadunidense, Mark Gottdiener.
[...] o espaço tem a propriedade de ser materializado por um processo social específico que reage a si mesmo e a esse processo. É, portanto, ao mesmo tempo objeto material ou produto, o meio de relações sociais, e o reprodutor de objetos materiais e relações sociais (GOTTDIENER, 1997, p. 133).
Em outras palavras, Gottdiener (1997, p. 133) explica o exposto ao afirmar que o espaço “recria continuamente relações sociais ou ajuda a reproduzi-las; além disso, elas podem ser as mesmas relações que ajudaram a produzi-lo”.

Em âmbito nacional a escola de Geografia da USP, foi pioneira a tratar do assunto, e na atualidade possui os autores mais respeitados quando se trata d "Geografia Turismo". Um dos grandes exemplos desses autores, é o professor José Vicente de Andrade. Para Andrade (2004) qualquer análise a respeito do turismo deve ter como pressuposto que “o homem, o espaço e o tempo constituem os três pré-requisitos para qualquer reflexão equilibrada a respeito do fenômeno”.

Têm sido elaboradas análises acerca do fenômeno de expansão constante e inserção da atividade em vários espaços pelo mundo, muitas das quais discutem uma conceituação para o turismo

Segundo a Organização Mundial de Turismo – OMT, o turismo é “uma modalidade de deslocamento espacial que envolve a utilização de algum meio de transporte e ao menos um pernoite no destino.”


A partir da definição acima se estabelece a segmentação do turismo (religioso, de eventos, de aventura, exótico, de negócios, de saúde, etc.). Ressalta-se aqui que a definição da OMT sugere que viagem e turismo são a mesma coisa.

Andrade (2004, p. 38), conceitua o turismo como um complexo de atividades e serviços, tudo relacionado “aos deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento”.

Além dos incentivos dados a partir das políticas públicas voltadas ao setor, a aplicação do capital de grandes grupos de empresários, com forte presença de grupos internacionais, vem mantendo crescente a participação do turismo na economia capitalista.



A professora ainda destaca que é a única prática social que consome elementarmente espaço. A autora trata ainda do que podemos chamar de lugar turístico,atrativo turístico e paisagem turística.


Rodrigues (2001) reforça que o espaço no turismo é produzido a partir da racionalidade moderna, guiando a ocupação, a distribuição de infraestruturas (rodovias, energia elétrica, cidades) e produção (serviços, produtos industrializados, produtos agropecuários, extração), maximizando resultados e minimizando esforços, passa a ser formado por áreas especializadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa participação crescente do turismo na produção do espaço ainda suscitará muito debate na Geografia. Antes de defender a atividade como salvadora dos lugares ou criminalizá-la como destruidora da natureza, culturas e tradições, a realização de análises centradas na produção do espaço pode conferir um importante caminho para uma interpretação consistente dos processos desencadeados a partir do desenvolvimento desta atividade.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. 8. ed. Ática, 2004.
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Introdução à geografia do turismo. 2. ed. São Paulo:Roca, 2003.
GARCIA, Rita Maria de Paula. Produção do espaço pelo lazer e turismo. In: Revista
Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas. Três Lagoas MS, V 1 – n.º 5 - ano 4, Maio de 2007. p. 113-126.
GOTTDIENER, Mark. A produção social do espaço urbano. 2. Ed. São Paulo: Edusp,
1997.
LEFEBVRE, Henri. Espaço e Política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008
RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Espaço: rumo a um conhecimento
transdisciplinar. 3. Ed. São Paulo: Hucitec, 2001.















A IMIGRAÇÃO NO CONTEXTO DA ECONOMIA BRASILEIRA
A imigração constitui um dos mais importantes fenômenos da História Econômica Brasileira, sendo assim, a imigração foi incentivada pelo fim do tráfico internacional de escravos, pela expansão da economia e pela necessidade de mão-de-obra. Visando substituir os escravos, o governo brasileiro incentivou a entrada de estrangeiros no País para trabalhar nas fazendas de café do interior de São Paulo, nas indústrias e na zona rural da Região Sul. De 1872 (ano do primeiro censo) até o ano 2000 entraram cerca de seis milhões de imigrantes no Brasil.
Motivos da Emigração
A emigração européia se explica pelas grandes transformações socioeconômicas pelas quais passava a Europa no século 19. Com o desenvolvimento da industrialização, a grande quantidade de trabalhadores, antes necessária para o trabalho agrícola, se tornava esxedente. No mesmo período, o Brasil interessava-se fortemente pela imigração européia, destinada a prover mão-de-obra para as lavouras do café e para a indústria nascente.
A Imigração Alemã
Os primeiros alemães chegaram no Brasil ainda no reinado de D. Pedro I. Estabeleceram-se no Sudeste e no Sul do país onde em 1824 fundaram a colônia de São Leopoldo (RS), no entanto, foi só no século 20 que chegou a maior parte de imigrantes alemães e quase todos eles não iam mais para as colônias rurais, pois eram trabalhadores urbanos.
Regiões de Destino A Região Sul foi destinada pelo governo brasileiro para o povoamento de colonos alemães. Os colonos alemães adptaram-se ao Brasil sem abdicar de sua cultura, por isto construíram um novo espaço onde mantiveram seu própio estilo de vida, integrando a ele traços da cultura brasileira.
Oktober Fest, Simbolo da Imigração Alemã no Brasil, Blumenau, SC
A Imigração Italiana
Os italianos, como todos os demais imigrantes, deixaram seu país basicamente por motivos socioeconômicos. A emigração era não só estimulada pelo governo, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1860 e 1920.
A Imigração Subvencionada
A imigração subvencionada (financiada) se estendeu de 1870 a 1930 e visava estimular a vinda de imigrantes através do financiamento das passagens bem como da provisão de alojamento e o trabalho inicial. Os imigrantes se comprometiam através de contratos que envolviam o pagamento da passagem com seu trabalho.
A contribuição da imigração italiana na formação da cultura brasileira
A contribuição dos imigrantes extrapolou as atividades profissionais; foi imensa a sua repercussão na culinária, vestuário, língua, esportes, etc. As raízes culturais eram preservadas em todas as colônias. Em São Paulo, nos bairros do Brás e do Bexiga, a cultura italiana está por toda a parte: nos santos de devoção, nas inúmeras cantinas e no time de futebol Palestra Itália, hoje Palmeiras. O mesmo se pode observar em relação à cultura japonesa no bairro paulistano Liberdade.
A Imigração Japonesa
A emigração de trabalhadores japoneses para outros países teve início na década de 1870, bem antes de sua vinda para o Brasil, que ocorreu a partir de 1908. O governo brasileiro não incentivou a imigração de trabalhadores japoneses, ao contrário do que ocorreu em relação aos europeus, que eram considerados o povo ideal para o “branqueamento” do Brasil, visto pelas elites como forma de “civilizar” o país.
Os Primeiro Imigrantes Japoneses
Em 2008, comemoramos 100 anos da imigração japonesa. Foi em 18 de junho de 1908, que chegou ao porto de Santos o Kasato Maru, navio que trouxe 165 famílias de japoneses. A grande parte destes imigrantes era formada por camponeses de regiões pobres do norte e sul do Japão, que vieram trabalhar nas prósperas fazendas de café do oeste do estado de São Paulo.
O processo imigratório foi de extrema importância para a formação social, econômica e cultural brasileira, que ao longo dos anos, incorporou características dos quatro cantos do mundo. Basta pararmos para pensar no idioma português, na culinária italiana, nas técnicas agrícolas alemãs e japonesas... Esse amplo processo histórico gerou um país diversificado e de ampla riqueza cultural.
GLOSSÁRIO
Emigração - A emigração é o acto e o fenómeno espontâneo de deixar o seu local de residência para se estabelecer numa outra região ou nação. Trata-se do mesmo fenómeno da imigração mas visto da perspectiva do lugar de origem.A emigração é a saída de nosso País. Convenciona-se chamar os movimentos humanos anteriores ao advento dos Estados nacionais e, consequentemente, do surgimento das fronteiras de migração. O termo migração também é usualmente usado para designar os fluxos de população dentro de um mesmo País (IBGE,2013)
Imigração - Considera-se como imigração o movimento de entrada, com ânimo permanente ou temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de pessoas ou populações, de um país para outro (IBGE,2013)
Migração - MIGRAÇÃO é a movimentação de pessoas de um lugar para outro. A migração pode ser internacional (movimentação entre países diferentes) ou interna (movimentação dentro de um país, muitas vezes, das áreas rurais para as áreas urbanas). Neste artigo, consideramos os impactos da migração sobre o indivíduo, o lugar deixado pelo migrante e o lugar que recebe o migrante. Também consideramos os fatores determinantes internos e externos da migração (IBGE,2013)
REFERÊNCIAS
FURTADO, Celso. Formação econômica brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 30. ed., 2001.
LACERDA, Antônio Corrêa de, et al. Economia Brasileira. São Paulo: Saraiva, 2000.
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.